Ilma Noronha recebe 30ª Medalha Chico Mendes de Resistência

por
André Bezerra
,
03/04/2018

A ex-diretora do Icict Ilma Noronha foi uma das agraciadas, no dia 02 de abril, pelo Grupo Tortura Nunca Mais, com a 30ª Medalha Chico Mendes de Resistência, ao lado de seu marido, Rômulo Noronha. Os dois foram militantes da Ação Libertadora Nacional e presos políticos durante a ditadura militar.

A Medalha homenageia “pessoas, movimentos sociais e entidades que se destacam nas lutas de resistência popular contra a repressão e todas as formas de violência institucionalizada, na defesa dos Direitos Humanos e dos povos”, de acordo com a instituição organizadora.

A cerimônia foi realizada no Teatro Odylo Costa Filho na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e homenageou personalidades e instituições que atuam na defesa dos direitos humanos, inclusive pessoas mortas ou desaparecidas no regime autoritário.

Formada em Biblioteconomia, Ilma Noronha teve atuação marcante nas áreas de informação da Fundação Oswaldo Cruz, sendo diretora do Icict por oito anos, em dois mandatos consecutivos, de 2000 a 2008.

A homenagem foi acompanhada por familiares, amigos e ex-colegas, que destacaram o reconhecimento dado a Ilma e Rômulo Noronha. “Essa medalha, nesse momento complexo de nosso país, com a criminalização de movimentos sociais, é uma iniciativa muito importante para nos mantermos alertas para que aquele período nunca mais ocorra”, afirma Luciana Lindenmeyer, diretora secretária-geral da Asfoc-SN, Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz.


Ilma Noronha (de vermelho) e Rômulo Noronha (ao microfone), na cerimônia de entrega da 30ª Medalha Chico Mendes. Foto: Luciana Lindenmeyer/Asfoc-SN.

Depoimentos

“A Medalha Chico Mendes tem importante papel de não deixar cair no esquecimento um período nefasto da nossa história ao mesmo tempo em que homenageia pessoas que resistiram à ditadura e que tem uma trajetória em defesa dos direitos humanos. Ilma Noronha, além de participar da resistência à ditadura civil-militar teve um papel destacado na nossa instituição como diretora geral da Asfoc e, mais tarde, como diretora por duas gestões do nosso Instituto. Ilma e Rômulo certamente são merecedores desse reconhecimento.”
Rodrigo Murtinho
Diretor do Icict

O significado da entrega dessa medalha a esse casal pode ser resumido por uma frase: lembrar para nunca mais acontecer. Tudo que ocorreu no período da ditadura foi muito cruel. Esse casal passou por momentos muito difíceis, bem como sua filha, que acabou, pelos caminhos da vida, sendo minha supervisora de estágio. Então, essa medalha, nesse momento complexo de nosso país, com criminalização de movimentos sociais, é uma iniciativa muito importante para nos mantermos alertas para que aquele período nunca mais ocorra em nosso país.  Pela democracia e por uma sociedade mais justa. Foi um momento único estar presente representando a Asfoc-SN nesse evento. Ilma foi diretora geral da Asfoc e muitos trabalhadores lembram do seu período de grandes contribuições para o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras.
Luciana Lindenmeyer
Diretora Secretária-Geral da Asfoc-SN

Estou certa que Ilma e Rômulo jamais imaginaram, ao longo de suas vidas em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos humanos, que esse posicionamento pudesse render, algum dia no futuro, uma homenagem, quiçá medalhas. Quem dera nada disso fosse necessário... Para quem os conhece, sabe que se trata de uma linda história de amor pela vida, pelo outro e por eles mesmos. Nada mais que merecido!
Maria Cristina Soares Guimaraes 
Professora do PPGICS e pesquisadora do LICTS/Icict 

A luta dos movimentos sociais pelo reconhecimento de direitos, que são criminalizados até hoje nesse país, historicamente se baseia em RESISTÊNCIA. E os homenageados na noite de ontem deixaram isso muito evidente em seus relatos e discursos. Emocionantes, aliás. Testemunhas da história, Ilma Noronha, assim como seu companheiro Rômulo Noronha, parceiros de uma vida toda, tem suas trajetórias pessoal e profissional orientadas pela busca permanente por justiça social, pela defesa dos direitos humanos e pela defesa da nossa jovem democracia, conquistada com tanto sangue e perdas humanas. Então, esse prêmio da 30ª Medalha Chico Mendes De Resistência é uma justa homenagem  por ser a confirmação do reconhecimento de uma vida dedicada à luta em defesa de uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
Rosinalva Alves de Souza
Pesquisadora do LICTS/Icict

Mais que merecida a entrega da Medalha Chico Mendes de Direitos Humanos aos companheiros Ilma e Rômulo Noronha. Conheci Rômulo lá pelos idos de 1970, 'os chamados anos de chumbo', quando nos encontrávamos presos nos calabouços da Ilha Grande, por nos insurgirmos contra a ditadura e combatermos pela liberdade, pela justiça e pelos direitos do povo. Meu encontro com Ilma, e também o reencontro com o casal, se deu já na Fiocruz. Ilma, primeiro à frente da Asfoc, e, depois, como diretora do Icict, desempenhando um papel de extrema dedicação à construção de uma Fiocruz de excelência, com uma gestão democrática e participativa a serviço do SUS. Nos tornamos muito amigos e companheiros muito próximos um do outro e tenho enorme orgulho disso. Infelizmente, em razão de outro compromisso assumido não pude estar presente na cerimônia do Grupo Tortura Nunca Mais, mas faço questão de fazer chegar aos queridos amigos e companheiros a minha satisfação por eles e espero poder abraçá-los pessoalmente em breve.
Umberto Trigueiros
Ex-diretor do Icict

*Colaborou Graça Portela (Ascom/Icict)

Comentários

Ilma e Rômulo Noronha são a representação de uma luta permanente até hoje neste país. Testemunharam e dedicaram-se pela busca de um Brasil incansável digno por seus ideais de igualdade, em defesa das causas dos direitos sociais e de cidadania. A medalha Chico Mendes simboliza esta luta deverá ser sempre lembrada principalmente em tempos difíceis na qual o Brasil contemporâneo vive e é claro para todXs que ela não acabou. Um abraço fraterno à Ilma e Rômulo. Luciana Danielli

Maravilha está justa homenagem

Mais que merecida a entrega da Medalha Chico Mendes de Direitos Humanos aos companheiros Ilma e Rômulo Noronha. Conheci Rômulo lá pelos idos de 1970, "os chamados anos de chumbo" quando nos encontrávamos presos nos calabouços da Ilha Grande, por nos insurgirmos contra a ditadura e combatermos pela liberdade, pela justiça e pelos direitos do povo. Meu encontro com Ilma e também o reencontro com o casal se deu já na Fiocruz. ilma primeiro a frente da Asfoc e depois como diretora do Icict, desempenhando um papel de extrema dedicação a construção de uma Fiocruz de excelência, com uma gestão democrática e participativa a serviço do SUS. Nos tornamos muito amigos e companheiros muito próximos um do outro e tenho enorme orgulho disso. Infelizmente, em razão de outro compromisso assumido não pude estar presente na cerimônia do Grupo Tortura Nunca Mais, mas faço questão de fazer chegar aos queridos amigos e companheiros o meu a minha satisfação por eles e espero poder abraçá-los pessoalmente em breve.

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