Pesquisadora do Icict comenta a conquista do Prêmio Luiz Beltrão pela Fiocruz

por
Assessoria de Comunicação do Icict Fiocruz
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10/08/2022

A Fiocruz foi anunciada como vencedora de um dos prêmios mais importantes das Ciências da Comunicação no Brasil – o Prêmio Luiz Beltrão 2022, concedido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). A conquista acontece justamente no momento em que a comunicação ganha centralidade inédita no debate sobre saúde pública. A pandemia de Covid-19, afinal, tem mostrado como os desafios de informar e dialogar com toda a sociedade estão na base dessa e de outras crises.
 
Ainda assim, garantir que a comunicação seja vista como elemento central ao direito à saúde é uma luta diária. Quem afirma é a pesquisadora Kátia Lerner, do Laboratório de Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Laces/Icict/Fiocruz). Para ela, o prêmio é um reconhecimento ao trabalho da Fiocruz não só no front direto da comunicação pública e da divulgação científica, mas, também, à sua busca por consolidar a ideia de “Comunicação e Saúde” como um campo de investigação científica. 

Além de pesquisadora, Kátia dá aulas no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) — o único do país a conjugar, de maneira interdisciplinar, esses três campos do saber. De 2016 a 2020, ela esteve à frente de um importante grupo de pesquisa da Intercom, o GP “Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente”. 
   
O que representa o Prêmio Luiz Beltrão?
 A categoria “Instituição Paradigmática” do troféu Luiz Beltrão premia instituições voltadas à pesquisa dos fenômenos comunicacionais. Nesse sentido, a obtenção desse prêmio expressa o reconhecimento da excelência do trabalho desenvolvido na Fiocruz em suas diversas áreas de atuação: no ensino e pesquisa, em especial, e também nas ações de interface direta com a sociedade por meio da comunicação pública e da divulgação científica. 

A premiação dá a ver tanto o seu protagonismo durante a pandemia na produção e comunicação de informação sobre a crise sanitária para a sociedade, quanto o reconhecimento do lugar da Fiocruz no próprio campo da Comunicação. É importante frisar que esse prêmio, dado por uma associação científica, é resultado de uma longa trajetória que envolve a atuação pioneira da nossa instituição na construção do campo da comunicação e saúde. 

Isso se materializa, dentre outras questões, pela oferta de cursos lato sensu desde a década de 1990, pela criação do primeiro Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde do país em 2009, e por décadas de ações e pesquisas sobre as práticas comunicacionais em saúde. 

Relaciona-se, também, com a consolidação da sua presença nas instituições do campo da comunicação de forma geral, e nessa associação científica em particular. E isso é expresso pela intensa participação de nossos pesquisadores, docentes e alunos em mesas, minicursos, apresentação oral de trabalhos, obtenção de prêmios, coordenação de GPs, publicação de livros, colaboração nos congressos nacionais e regionais da Intercom, entre outros exemplos.

Podemos, a partir desse prêmio, inferir outros desdobramentos importantes. Ele tem o papel estratégico de dar a ver, dentro de uma instituição centenária de saúde, como a Fiocruz, notabilizada pelo desenvolvimento de vacinas e pesquisa biomédica, que além desses importantes campos de atuação que marcaram e ainda marcam a história da instituição, outros setores vêm se afirmando como estratégicos na sociedade contemporânea, com reconhecimento extramuros. 

As diversas crises sanitárias que enfrentamos nos últimos anos, agravadas pelos movimentos negacionistas e pela complexidade do cenário comunicacional contemporâneo, reforçam ainda mais a importância desse campo de investigação. Nesse sentido, é fundamental mencionar todos os diferentes espaços da Fiocruz que, pontualmente, fazem pesquisa e ensino no tema da comunicação e saúde mas, de forma mais enfática, o papel que o Icict vem desempenhando, sendo a unidade da Fiocruz cuja missão é fundamentalmente a realização de pesquisa e ensino em comunicação e informação em saúde. Que esse prêmio seja mais uma pedrinha na consolidação de seu percurso, fruto e propulsor de reconhecimento, tanto fora como dentro da nossa instituição. 

A Intercom tem sido um polo para os debates sobre comunicação no Brasil. Vemos que, nos últimos anos, a interseção entre comunicação e saúde pública vem gradualmente ganhando espaço em seus congressos e em demais atividades. Qual é a relação do Icict com a Intercom?   
 
É uma história antiga, que se fortaleceu com o GP “Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente”. A pesquisadora do Laces e professora do PPGICS, Inesita Araújo, foi uma das pioneiras da instituição a frequentar o grupo, mas esse relacionamento ganhou novos contornos com o início do PPGICS, em 2009.  

O Programa foi um ponto de fortalecimento desse relacionamento, porque o Icict passa então a contar com turmas regulares e projetos de pesquisa realizados com maior investimento, por se tratar de trabalhos de mestrado e doutorado. Incentivamos a permanente contribuição de alunos e de seus orientadores no envio de trabalhos, na participação ativa nos congressos, nos eventos e premiações realizados pela Intercom. 

Em um dado momento, o afluxo de nossos pesquisadores e alunos ao GP era tão grande que formávamos sessões temáticas com franca preponderância numérica. Inclusive, a mudança do nome do GP em seu processo de reconfiguração, em 2016, expressa isso, com a incorporação da palavra “Saúde” no seu título.

Nossos pesquisadores, docentes e alunos participam de várias atividades como mesas temáticas, organização de publicações e ofertas de minicursos. Além disso, o Icict acumula alguns prêmios e indicações de honrarias da Intercom em sua trajetória. Em 2011, nós, pesquisadores do Laces, fomos agraciados com o Prêmio Freitas Nobre, com um trabalho desenvolvido no âmbito do Observatório Saúde na Mídia (OSM), por mim e pelo pesquisador Igor Sacramento. Ganhamos esse mesmo prêmio no ano seguinte, em 2012, pelo trabalho desenvolvido por um aluno no âmbito de seu doutorado no PPGICS, o Luiz Marcelo Robalinho Ferraz.   

O Icict lançou recentemente um livro pela editora da Intercom. Quais são as contribuições para a Comunicação e Saúde no Brasil?

O livro “Meio Ambiente, Saúde e Divulgação Científica: questões comunicacionais” foi lançado no ano passado, como um marco comemorativo dos 30 anos de existência do GP “Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente”, reunindo contribuições de profissionais, professores e alunos de mestrado e doutorado de todo o país, inclusive do PPGICS.    

Em acesso aberto, traz 11 artigos de um conjunto diversificado de autores, no que diz respeito à sua procedência regional e institucional. A publicação aborda três eixos temáticos: as relações entre Jornalismo, Meio Ambiente e Sociedade; as interfaces entre Comunicação e Saúde, em especial no que tange à cobertura noticiosa e à produção de Subjetividade e do Cuidado nas sociedades contemporâneas; e o debate sobre Comunicação Pública.

Trata-se de uma oportunidade de resgatar o passado e realizar uma fotografia do momento atual, ampliando o debate sobre os caminhos que se desenham pela frente no campo da Comunicação e Saúde. A publicação está acessível em https://bit.ly/PortoLivreMeioAmbienteComunicacaoKatiaLerner 

 

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Atua na interface entre “Comunicação e Saúde: Políticas Públicas e Participação Social” e “Análise das Relações entre Mídia e Saúde”.

Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

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