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Na manhã de sexta (2/8), o professor André Lemos, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), apresentou a palestra “Mediações e cibercultura – IoT e Saúde”. No encontro, Lemos abordou os conceitos "Comunicação das Coisas" e "Internet das Coisas" (do inglês Internet of Things - IoT), tendo como embasamento teórico a "Teoria Ator-Rede" (Actor-Network Theory - ANT), principalmente os escritos de Bruno Latour. A convite do Programa de Pós-graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict), André Lemos também participou, à tarde, da banca de defesa de tese de doutorado do aluno do PPGICS Marcelo de Vasconcellos, sobre games e saúde.
Em mais de uma hora de apresentação, Lemos ressaltou que esses novos estudos estão baseados em uma corrente de pesquisa sobre teoria social segundo a qual os atores, humanos e não-humanos, estão constantemente ligados a uma rede social de elementos (materiais e imateriais), promovendo associações híbridas. “A cultura digital é transversal, toca todas as esferas da vida cotidiana. Os objetos humanos e não-humanos são hoje performáticos. A mediação de artefatos híbridos com o objeto humano funciona em um ambiente infocomunicacional”, problematizou o professor, ao abordar a presença inexorável dos artefatos tecnológicos no cotidiano e a mediação da informação efetuada pelos objetos, pelas coisas.
Segundo Lemos, cada ação, por mais simples que seja, interliga múltiplos atores. Como exemplo, citou o caso de uma escola em Salvador que instalou chips nos uniformes escolares para a verificação da presença dos alunos, e os pais recebem um SMS confirmando a entrada, ou a saída, do filho da escola. “Por esse viés, como podemos pensar o humano sem a mediação da rede sociotécnica da cultura digital? O que emergirá dessas novas associações, inclusive no âmbito da saúde?”, provocou Lemos, ele mesmo intrigado com essas vertentes teóricas, que o têm levado a novas pesquisas e estudos no campo da comunicação. “O humano, como podemos compreender agora, só pode ser captado e preservado se devolvermos a ele esta outra metade de si mesmo, a parte das coisas. Os objetos podem compartilhar dados com pouquíssima interferência humana, configurando novas associações. O social se constitui nessas associações, emerge delas. Por isso temos que politizar os objetos”, completou Lemos.
Reconhecido internacionalmente como uma autoridade quando se fala em cibercultura, André Lemos, formado em Engenharia, mestre em Política de Ciência e Tecnologia, é doutor em Sociologia pela Université René Descartes, Paris V, Sorbonne (1995) e professor do Departamento de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O sociólogo centra suas pesquisas no ambiente urbano, tecnologia, comunicação e cultura digital.
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Comentários
Éder Freyre
sex, 02/08/2013 - 16:39
Parabéns pela iniciativa! Não
Parabéns pela iniciativa! Não pude acompanhar presencialmente mas ouvi todo o áudio da palestra que trouxe elementos novos no contexto da cibercultura. Muito esclarecedor e instigante!
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