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Redes corporativas, redes sociais, redes elétricas. Independentemente do conteúdo, todas as redes são baseadas em modelos matemáticos semelhantes, o que faz delas um campo aberto a novos estudos. Esta foi a conclusão da mesa “Redes internacionais de pesquisas e redes sociais”, realizada na tarde da última quinta-feira (17/11) no Salão de Leitura da Biblioteca de Ciências Biomédicas, da qual particiaparam o ex-presidente da Fiocruz e pesquisador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), Carlos Medicis Morel, e o coordenador do Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas do Icict, Nilton Bhalis dos Santos. A pesquisadora Claudia Travassos, coordenadora do Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e a Segurança do Paciente (Proqualis/Icict), mediou o encontro, parte da programação de aniversário de 25 anos do Icict, comemorados este ano.
Carlos Morel deu início à palestra “Redes internacionais de pesquisadores” subdividindo o tema em três tópicos: “nova ciência das redes”, “redes de inovação em saúde” e “redes de co-autorias científicas”. O pesquisador classifica como “nova ciência das redes” o surgimento das pesquisas sobre o tema, iniciadas na década de 1930 e complexificadas a partir dos anos 90, com estudos matemáticos sobre a estrutura e a dinâmica das redes, além de livros sobre o histórico das redes e seu impacto na economia, ciência, sociologia e física.
“Em 1994, um grupo de 40 pesquisadores da Fiocruz, da qual fiz parte, criou a primeira rede de inovação em saúde, a ‘Rede Genoma de Parasitos’. Anos depois, em 2005, publicamos na Science um artigo sobre os desdobramentos deste estudo, no qual avaliamos como as redes de inovação em saúde podem auxiliar os países em desenvolvimento no enfrentamento das doenças negligenciadas”, explica Morel, que lidera, na Fiocruz, um grupo de pesquisa sobre colaborativas intra-organizacionais. Esse grupo associa as unidades técnico-científicas com as unidades de produção da Fiocruz, ou o setor industrial nacional ou internacional, visando obter produtos e processos e sua disponibilização para a sociedade.
De acordo com o pesquisador, surgem depois as Parcerias para o Desenvolvimento de Produtos (PDPs) e doenças negligenciadas, com recursos públicos, filantrópicos ou privados. “As PDPs criaram uma maneira de inovar atraindo parcerias e redes e hoje são as maiores detentoras de conhecimento em pesquisa e desenvolvimento de novas drogas, medicamentos e vacinas. As PDPs aproximam a academia, a indústria, o setor público e as agências internacionais, formando parcerias de longo prazo, construindo relações de confiança, aproveitando a capacidade de cada ator com vistas a um objetivo comum. Cada PDP se dedica a um objetivo tecnológico, como por exemplo o desenvolvimento de uma vacina contra malária para uso em países em desenvolvimento”, argumenta o pesquisador.
Em seguida, Morel falou sobre as redes de co-autorias científicas, trabalho a qual tem se dedicado nos últimos anos, em que uma das ações, na área da saúde, visa combater o que o governo chama de doenças promotoras ou perpetuadoras da extrema pobreza: esquistossomose, hanseníase, helmintíase, malária, tracoma e tuberculose. “O estudo e a análise de redes de co-autorias científicas pode complementar os processos e critérios usuais utilizados para a avaliação, seleção e acompanhamento de projetos em várias etapas e estágios de programas de pesquisa e desenvolvimento. Sua aplicação pode ser particularmente interessante e necessária no campo das doenças negligenciadas”, pontua Morel.
Nilton Bahlis dos Santos, que coordena, no Icict, o grupo de pesquisa "Tecnologias, Culturas, Práticas Interativas e Inovação em Saúde”, no qual estuda o potencial das redes sociais em práticas de pesquisa, educação e saúde, falou sobre a produção sistemas especializados e sistemas complexos. “Estamos passando da era de imprensa para a era da internet. Antes trabalhávamos com sistemas especializados. Passamos para as redes, que são dispositivos de interação virtual, suportam a heterogeneidade e permitem a unificação e integração de elementos diversos”, considera o pesquisador.
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