ICICT | Fiocruz - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

O Icict comemorou seu 25º aniversário e abriu o ano letivo do Programa de Pós-graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) com o lançamento de dois projetos: o Laboratório de Digitalização de Obras Raras e o Repositório Institucional da Fiocruz (Arca). Para debater o tema do acesso aberto à informação em meio digital, Sergio Amadeu, sociólogo e doutor em Ciência Política, proferiu a palestra "Metalinguagem digital e as políticas culturais". Na ocasião, Amadeu refletiu sobre a era atual, segundo ele uma fase de transição, no Ocidente, para um novo paradigma técnico-econômico, cujas linhas de ação vêm abalando as políticas culturais e de propriedade intelectual.

"As tecnologias da informação que utilizamos atualmente não nasceram da evolução das máquinas, elas são outra coisa. Por isso falamos em nova era informacional, de tecnologia de informação digital. Há uma brutal transformação em nossa capacidade de processar, armazenar, obter e distribuir informação, o que torna a nossa era qualitativamente distinta da era industrial", afirma Amadeu. Segundo ele, as tecnologias de digitalização da produção simbólica da sociedade, ao "libertar" o texto do papel, a imagem da película e o som do vinil, e depositar todo esse conteúdo em uma rede de alta velocidade de transferência de informações, vêm alterando a nossa cultura e o nosso cotidiano.

Na acepção do palestrante, em um mundo em que as pessoas têm a possibilidade de transferir uma enorme quantidade de informação por segundo, esta capacidade altera a própria cultura. Para confirmar a assertiva, Amadeu utiliza os dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil: 39% dos internautas baixam música, 53% assistem vídeos, 43% jogam games online, 44% lêem jornal, 17% escrevem blogs e 67% participam de redes sociais na internet. 

Apesar de toda essa capacidade, argumenta Amadeu, o que se observa hoje, inclusive no Brasil, é uma legislação que trata esse potencial de processamento de informação como ameaça, porque apesar de ser um rede cibernética, ou seja, de comunicação e de controle técnico, a internet não permite o controle político ou cultural. "A internet é o tempo todo reconfigurada por seus usuários. Aonde estão os seus donos? Não estão em nenhum lugar, pois trata-se de um rede coloborativa, um arranjo comunicacional unificado por milhares de protocolos desenvolvidos colaborativamente, através de documentos à disposição na própria rede. A internet tem uma lógica baseada no relacionamento, não na propriedade intelectual", pontua o palestrante.

Para o sociólogo, por ser uma rede multidirecional, de alta interatividade, digital, hipertextual, distribuída, transnacional, metalinguística e horizontal, a internet torna-se uma obra aberta. "Isso incomoda muito aqueles que pensaram a divisão da cultura em alta cultura e cultura de massas, através do controle da mesma", provoca. E completa, corroborando o tema do 25º aniversário do Icict "Inovação e ciência livre para o SUS" : "A ciência tem que estar aberta, porque a base do conhecimento científico é a própria ciência".

O seminário de aniversário contou com as presenças do presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, da vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Trindade Lima, do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz, Paulo César de Castro Ribeiro e do diretor do Icict, Umberto Trigueiros Lima. À mesa da abertura do ano letivo do PPGICS estavam presentes a coordenadora do Programa, Inesita Soares de Araújo, e o vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico do Icict, Christovam Barcellos.

Assista o vídeo da palestra de Sergio Amadeu na cerimônia de aniversário

Laboratório digital e repositório são lançados em cerimônia de aniversário  

No lançamento dos projetos Laboratório de Digitalização de Obras Raras e Repositório Institucional da Fiocruz, realizado na cerimônia de aniversário “Icict, 25 anos de inovação e ciência livre para o SUS”, os participantes conheceram os projetos e seus principais objetivos e funcionalidades.

“A idéia do Arca é preservar a memória. Começamos a povoar o repositório com a produção científica dos pesquisadores do Icict. Nosso grande desafio é completá-lo com a produção científica de toda Fiocruz”, diz Ilma Noronha, chefe da Rede de Bibliotecas da Fiocruz e uma das autoras do projeto, juntamente com Cícera Henrique da Silva, chefe do Laboratório de Informação Científica e Tecnológica em Saúde do Icict. “Podemos nos orgulhar porque compreendemos a informação como um bem público e que, portanto, deve ser de domínio público”, complementa Ilma.

“A idéia é que o Repositório possa oferecer à sociedade a contribuição científica da Fiocruz disponível em um só lugar”, completa Cícera Henrique, que explicou o sistema de funcionamento do site. “Através do site (http://www.arca.fiocruz.br), o usuário poderá optar por pesquisar por título, assunto, autor ou data de publicação. Ou poderá optar por fazer a busca por comunidade específica, ou coleções, e ver a produção como um todo”. 

O projeto de Digitalização de Obras Raras vem sendo desenvolvido pelo Serviço de Comunicação Visual desde novembro de 2009, com investimentos do Programa de Indução à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (PIPDT) do próprio Icict. “Cerca de 20 mil reais, provenientes do orçamento da unidade, financiaram bolsas e equipamentos. Começamos o trabalho no final de novembro e já digitalizamos 13 obras, somando 17 livros, pois cada obra tem vários volumes. Nossa expectativa é digitalizar 100 livros até dezembro", explica a chefe do Serviço de Comunicação Visual, Marilene Santos.

Segundo Marilene, a próxima etapa é lançar, até 30 de maio, o site da Biblioteca Digital de Obras Raras, que ficará hospedado no Portal Fiocruz. Nele, o público terá acesso às obras digitalizadas e em arquivo PDF para impressão, visualização e leitura”, afirma Marilene Santos.

Conheça as 12 obras raras que já foram digitalizadas pelo Serviço de Comunicação Visual:

CRUZ, Oswaldo. Tese, 1893.

PISO, Willem; MARGGRAF, Georg. Historia naturalis Brasiliae... Lugdun. Batavorum [Leyden, Holanda] : Apud Fransciscum Hackium et Amstelodami [Amsterdam, holanda] : Apud Lud. Elzevirium, 1648.

BICHAT, Xavier. Anatomie Générale, appliquée a la Physiologie et a la Médicine. Nouvelle édition. A Paris : Chez Brosson, 1812.  

AGASSIZ, Louis; AGASSIZ, Elizabeth Cabot Cary. Voyage au Brésil. Paris:  L. Hachette, 1869.

BUFFON, George Louis Leclerc, comte de. Oeuvres complètes de Buffon. A Paris : Chez F. D. Pillot, Éditeur, 1830-1832.

CUVIER, Georges, Baron. Le règne animal: distribué d'après son organisation, pour servir de base à l'histoire naturelle des animaux et d'introduction à anatomie comparée..par une réunion de disciples de Cuvier... Paris: Fortin, Masson, 1859. 17 t.:  il. ; 28 cm. T. 1

HUMBOLDT, Alexander von. Tableaux de la Nature. Édition nouvelle avec changementes et additions importantes. Paris : Gide et J. Baudry, 1851.

LAMARCK, Jean Baptiste Pierre Antoine de Monet de. Philosophie Zoologique, ou, Exposition des considérations relatives à l'histoire naturelle des Animaux. Nouvelle édition... Paris : Libraire F. Savy, 1873.  

LINNÉ, Carl von. Systema Naturae por regna tria naturae, secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locisEditio decima, reformata. Holmiae [Estocolmo, Suécia] : Impesis Direct. Laurentii Salvii,1758-1759.

LINNÉ, Carl von. Fauna Svecica, Sistens Animalia Sveciae Regni...Distributa per classes & ordines, genera & species. Lugduni. Batavorum [Leyden, Holanda]: C. Wishoff et C. J. Wishoff, 1746. 

REDI, Francesco. Osservazioni di Francescio Redi...intorno agli Animalia viventi che si trovano negli Animali viventi. In Firenze [Florença,  Itália]: Per Piero Matini, 1684.
Formulário Médico (manuscrito) de 1703, encontrado na Igreja de São Francisco de Curitiba e atribuído aos Jesuítas.

CALVERT, Albert Frederick. Alhambra: being a brief record of the Arabian Conquest of the Peninsula with a particular account of the Mohammedan architecture and decoration. London: New York: John Lane, 1906.