Icict promove debate sobre a 1ª Conferência Nacional de Comunicação

por
Igor Cruz e Rafael Vinícius
,
02/09/2009

O seminário Conferência Nacional de Comunicação: o que a saúde tem a ver com isso?, organizado pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), lotou o auditório do Museu da Vida, na última segunda-feira (31/8). O evento, que contou com a participação de especialistas de instituições parceiras da Fiocruz e de representantes de diversos setores da Fundação, reuniu ideias para serem debatidas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que acontece de 1 a 3 de dezembro, em Brasília. Profissionais da saúde e comunicólogos debateram sobre as interfaces da comunicação e da saúde com a sociedade, as políticas públicas na comunicação, a influência da mídia sobre o público infanto-juvenil e o papel das conferências na democratização do estado.

O professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Eco/UFRJ) e membro da Comissão-Rio Pró-Conferência, Marcos Dantas, falou sobre a conjuntura e os desafios da conferência nacional, que será realizada em Brasília. “Na era fordista a comunicação era vista como um serviço público. Atualmente, está inserida em uma ambiente competitivo de mercado”, afirma o professor. De acordo com Dantas, o desafio da conferência será refletir sobre o embate entre as possibilidades interativas e pluralistas da comunicação e sua subordinação a interesses econômicos.

Orlando Guilhon, presidente da Associação das Rádios Públicas do Brasil, pontuou três temas que não podem deixar de ser abordados na conferência: a conscientização da sociedade sobre a importância da conferência, o acesso livre à comunicação para todos os cidadãos e a construção de um novo marco regulatório para o segmento. “É importante o cidadão saber que ele pode ser um verdadeiro produtor de cultura. Temos que evitar, também, que a conferência tenha um caráter propagandista”, salienta Guilhon.
 
Ao abordar o papel das conferências na democratização do Estado, o professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Flávio Magajewski, fez questão de ressaltar que o caráter consultivo, a convocação regular e a participação paritária são as principais características das conferências.

Um vídeo sobre a influência da publicidade voltada para o público infantil estimulou o debateu sobre questões que envolvem mídia e publicidade. Após a exibição do documentário, a advogada e coordenadora geral do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana (organização sem fins lucrativos que desenvolve atividades de inclusão social em comunidades carentes), Isabella Henriques, alertou para um problema grave que envolve a publicidade de alimentos destinada a esse público. “Alguns estudos já identificaram que 15% das crianças brasileiras têm obesidade infantil e 30% problemas decorrentes de sobrepeso”, explica a advogada. 

O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenador do Observatório da Mídia Regional, Edgard Rebouças, apontou a omissão do governo, a desarticulação dos movimentos sociais, a falta de regulamentação em relação a mídia e a ausência de controle social como problemas graves a serem enfrentados pela sociedade. O professor enfatizou que é imprescindível a participação de todos os setores da sociedade na conferência, não apenas de profissionais da comunicação. “Temos que mostrar para cada telespectador, leitor e ouvinte que ele pode exercer o controle social sobre aquilo que está assistindo, lendo ou ouvindo. É preciso entender que nós não somos consumidores passivos, somos também colaboradores e devemos participar do processo de produção e distribuição da informação”, salienta Rebouças.

Ainda durante o seminário, um panorama do processo de regulamentação da publicidade de alimentos não-saudáveis foi apresentado pela pesquisadora do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UNB), Renata Monteiro. De acordo com a pesquisadora, 85% das peças publicitárias são exclusivamente destinadas ao público infantil e apenas 3,3% destas peças são compostas de alimentos saudáveis. “Os alimentos não-saudáveis que mais aparecem nas peças publicitárias são aqueles vendidos em redes de fast food, além de doces, salgadinhos de pacote, biscoitos doces e refrigerantes”, ressalta Renata. Ainda segundo a pesquisadora, as crianças brasileiras são as que mais assistem tevê no mundo, cerca de cinco horas diárias. “Crianças que assistem televisão por um muito tempo tendem a preferir alimentos não-saudáveis”, completa Renata.

 

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