Comunicação e Saúde abre o segundo dia do Seminário SUS 20 anos

por
Igor Cruz
,
12/11/2008

O segundo dia do Seminário SUS 20 anos: desafios para a informação e comunicação em saúde, que aconteceu na Biblioteca de Ciências Biomédicas, na Fiocruz, abordou a temática da Comunicação e Saúde. A mesa de discussões contou com a participação do jornalista do Intervozes, Rogério Thomaz; do pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), Rodrigo Murtinho; e do pesquisador da Fiocruz e representante da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), Álvaro Nascimento.

O jornalista Rogério Thomaz iniciou as discussões apresentando o Intervozes - uma associação civil que luta com base na compreensão de que a comunicação é um direito humano. Sobre o assunto, Thomaz explicou que assumir a comunicação como um direito humano significa reconhecer a comunicação como um direito universal e indissociável de todos os outros direitos fundamentais.

“Esse direito não é só o direito de liberdade de expressão e direito à informação, é o direito de todos terem acesso aos meios de produção e veiculação de informação”, afirmou Thomaz. Além disso, o jornalista ressaltou a importância do Estado na garantia da promoção da pluralidade e da diversidade das informações. “Isso significa lutar para que rádios sejam estimuladas, promover a diversidade cultural, impedir qualquer forma de concentração dos meios de comunicação, entre outras coisas”, completou o jornalista.

Já Rodrigo Murtinho, apresentou uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Comunicação e Saúde do Icict que avalia as políticas e as práticas de comunicação no SUS. Murtinho explicou que o objetivo da pesquisa é refletir sobre os avanços e conquistas, além de analisar os emperramentos e necessidades que o sistema tem apontado nos últimos anos. “A comunicação faz o caminho inverso dos princípios de descentralização, universalização, integralidade, eqüidade e participação social que norteiam o SUS pelo fato de favorecer a concentração de produção, circulação da palavra e ignorar os contextos”, ressaltou Murtinho.

Os resultados preliminares da pesquisa apontam que, além da concentração das decisões e centralização nos processos de produção e circulação, há uma forte presença de assessorias de comunicação, prioridade na produção de materiais e quase nenhum investimento em formação e atualização de equipes de comunicação.
 

Por último, o pesquisador da Fiocruz e representante da Abrasco, Álvaro Nascimento, apresentou o trabalho “A mídia como produtora de doença: o exemplo da propaganda de regulação de medicamentos”. O estudo visa apoiar e fomentar a melhoria da atenção sanitária mediante o uso racional de medicamentos. O pesquisador explica que há um exagero nas campanhas de medicamentos, além da manipulação de informações. “Há um grande vazio na troca de informações entre farmacêuticos e profissionais de comunicação”, completa Nascimento.

De acordo com o pesquisador, um dos maiores erros é a não indicação das principais contra-indicações nos medicamentos. Além disso, ele explica que o modelo regulatório só atua após a veiculação da peça publicitária, o que significa que a ação reguladora seja realizada quando a população já foi exposta ao risco sanitário. “A frase ‘Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado’ em si já é um estimulo para a auto-medicação. Ela estimula, pelo menos, o primeiro sem prescrição médica, quando caberia ao Estado cumprir a tarefa oposta”, completa Nascimento. 

 

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