Brasil ganha registro internacional de ensaios clínicos

por
Ascom/Icict
,
30/03/2017

OMS reconhece o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos, gerenciado pelo Icict, como plataforma internacional para cadastro de pesquisas com seres humanos


Pesquisadores, profissionais de saúde e pacientes brasileiros não mais precisam buscar informações sobre estudos clínicos em bases de dados estrangeiras. Gerenciado pelo Icict/Fiocruz, o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) integra, desde maio de 2011, a Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos da Organização Mundial da Saúde (ICTRP-OMS). Desde então, os estudos inseridos no ReBEC – único dos 13 registros primários internacionais em língua portuguesa – passam a compor, também, a rede da OMS para o cadastro internacional de pesquisas com seres humanos, exigência de revistas científicas e órgãos reguladores. Além do Brasil, integram a ICTRP-OMS Austrália, Estados Unidos, China, Coréia do Sul, Índia, Cuba, Alemanha, Irã, Japão, Holanda, África do Sul e Sri Lanka.

Criado em dezembro de 2010, o ReBEC é resultado de parceria do Icict com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme), a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e o Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Por meio da base de dados, pesquisadores, médicos, profissionais de saúde, comitês de ética, patrocinadores, pacientes e demais interessados podem ter acesso livre a informações sobre ensaios clínicos em desenvolvimento e em fase de recrutamento de voluntários. “O ReBEC é uma iniciativa inédita no país, que contribui para a transparência da pesquisa científica e o avanço do conhecimento”, avalia Josué Laguardia, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde (LIS/Icict) e coordenador do ReBEC.

O registro no ReBEC é voluntário e gratuito, realizado por meio de plataforma web desenvolvida em software livre e de código aberto. Podem ser registrados estudos clínicos concluídos e em andamento, realizados por pesquisadores brasileiros ou estrangeiros. No Brasil, a Resolução 39 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) preconiza a inclusão de estudos clínicos de fase III em registros internacionais – mas ainda não especifica o cadastro no ReBEC. “A recomendação, pela Anvisa, para a inserção de ensaios clínicos no ReBEC é estratégica para consolidar o registro brasileiro”, considera Laguardia.

O pesquisador do Icict aponta que, com o credenciamento do ReBEC pela OMS, a tendência é o aumento do número de estudos clínicos registrados na base de dados brasileira. “O reconhecimento internacional e a divulgação do ReBEC em eventos internacionais são fundamentais para que instituições de pesquisa decidam incluir seus estudos na base de dados brasileira”, explica Laguardia que, em março, apresentou os processos operacionais do ReBEC no Grupo de Trabalho sobre Registros Globais da Associação de Informações sobre Drogas (DIA, na sigla em inglês).

Em menos de um ano de funcionamento, o ReBEC abriga mais de 30 pesquisas científicas envolvendo seres humanos, entre ensaios clínicos de fases III e IV e estudos observacionais, e quase 20 ensaios em fase de recrutamento de voluntários. “A maioria dos registros é submetida por pesquisadores de universidades federais e hospitais universitários e há, também, estudos multicêntricos internacionais. As temáticas abrangem, sobretudo, o teste com drogas e o tratamento de pacientes oncológicos”, descreve Laguardia.

Ao disponibilizar o acesso a estudos clínicos em desenvolvimento e evitar que investigações semelhantes sejam conduzidas de forma desarticulada, registros como o ReBEC contribuem para otimização dos esforços empreendidos na área. “Com a difusão de informações sobre os estudos clínicos em andamento em todo o mundo, será possível reduzir qualquer duplicação desnecessária na realização de pesquisas científicas. Da mesma forma, pretende-se aumentar as taxas de recrutamento de pacientes para os ensaios clínicos, em especial no caso de doenças raras”, resume o coordenador do ReBEC.

Cooperação internacional

Também reconhecido recentemente pela OMS como um registro primário internacional de língua espanhola, o Registro Público Cubano de Ensaios Clínicos sinaliza oportunidade para o desenvolvimento de cooperação internacional na área. A proposta para parceria entre as bases de dados brasileira e cubana está em andamento e poderá beneficiar os dois países, a partir da troca de experiências e expertises.

Josué Laguardia explica que os dois registros têm características complementares. “O Registro Público Cubano de Ensaios Clínicos acumulou vasta experiência nacional antes de ser credenciado como um registro primário da OMS e pode compartilhar com o Brasil a sua expertise no gerenciamento da base de dados, por exemplo, na definição dos procedimentos operacionais padrão. Por outro lado, o desenvolvimento de uma plataforma de acesso livre, como o ReBEC, interessa aos cubanos. Além desta troca, a compatibilização de dados contribuirá para a tradução de artigos em três idiomas: inglês, espanhol e português”, aponta Laguardia.

Outras matérias

Editorial 2011 Nesta edição comemorativa dos 25 anos de criação do Icict, queremos remarcar com grande evidência para os leitores, na forma, no conteúdo, na estrutura e na proposta desta revista, a inovação como elemento central de nossas ações
Entrevista com Sergio Amadeu - Inova Icict 2011 O impacto das tecnologias da informação e da comunicação nos processos de produção, circulação e apropriação de bens simbólicos é tema de investigação e militância do pesquisador Sergio Amadeu
Capa Inova Icict 2011- 25 anos de inovação e ciência livre para o SUS Uma extensa programação de seminários, debates e mostra sobre temas relacionados ao campo da Informação, Comunicação e Saúde foi organizada para comemorar os 25 anos do Icict, trazendo à Fiocruz convidados nacionais e estrangeiros
Memória institucional online Repositório Institucional da Fiocruz ampliam acesso à informação em saúde
Design em saúde Participação em projetos internacionais consolida expertise do Icict em comunicação e programação visual para saúde
Um cineasta para a saúde pública brasileira Pesquisadora do Icict investiga obra do cineasta Humberto Mauro e sua relação com a saúde pública brasileira
No caminho certo Primeiras defesas de dissertações de mestrado e qualificações de doutorado apontam para consolidação do PPGICS
Teste inédito no país é utilizado para estimar consumo de drogas pesadas em Curitiba Scale-up pode ser aplicado em diversas regiões, simultaneamente, sem que seja preciso recorrer a populações de difícil acesso
Uma pesquisa sobre a saúde do brasileiro Pesquisa Nacional de Saúde aprofundará abordagem do IBGE sobre a saúde do brasileiro em inquérito de base populacional inédito no país
Pela segurança do paciente Proqualis lança vídeo sobre Cirurgia Segura em parceria com VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz
Informação, Comunicação e Saúde em escala global Cooperação internacional leva expertise do Icict a Moçambique, Haiti e mais de 20 países
Henrique Leonel Lenzi: dedicação à saúde pública brasileira Primeiro diretor do Icict, o patologista é exemplo de profissionalismo e produtividade para a ciência brasileira

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

Este site é regido pela Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, que busca garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral de toda obra intelectual produzida pela Fiocruz.

O conteúdo deste portal pode ser utilizado para todos os fins não comerciais, respeitados e reservados os direitos morais dos autores.

logo todo somos SUS