Capa Inova Icict 2011- 25 anos de inovação e ciência livre para o SUS

por
Ascom/Icict
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29/03/2017

Uma extensa programação de seminários, debates e mostra sobre temas relacionados ao campo da Informação, Comunicação e Saúde foi organizada para comemorar os 25 anos do Icict, trazendo à Fiocruz convidados nacionais e estrangeiros


Gerar conhecimentos, tecnologias e promover a formação de recursos humanos especializados na área de Informação, Comunicação e Saúde. Com esta proposta inovadora surgia, há 25 anos, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz). Criado pelo sanitarista Sergio Arouca, então presidente da Fiocruz, em meio ao processo de redemocratização do país, o Icict veio reforçar o papel estratégico da Informação e da Comunicação para o Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, a unidade técnico-científica da Fiocruz contribui diretamente para o aprimoramento do sistema de saúde brasileiro, através de atividades de serviço, ensino e pesquisa na área.

Inaugurado em 1986 sob a forma de Superintendência de Informação em Saúde (SIC), o Icict nasceu em um momento estratégico para a democracia brasileira. “Talvez pela primeira vez na história do país compartilhava-se o entendimento de que a informação e a comunicação têm um papel decisivo na construção de uma nova sociedade, mais justa e equânime. E o envolvimento da Saúde neste processo, capitaneado pela Fiocruz através de Sergio Arouca, foi fundamental para a construção do SUS”, comenta o diretor do Icict, Umberto Trigueiros Lima.

Ao longo de 25 anos o Instituto se renovou e avançou em práticas e processos de trabalho, até tornar-se, em 2006, unidade técnico-científica da Fiocruz. Trigueiros ressalta a mudança de perfil da unidade e a conquista do reconhecimento técnico, científico e político nesta trajetória. “Ao final da década de 1990, o Instituto operava como unidade de apoio à Fiocruz, com atuação pautada na prestação de serviços. Com o passar do tempo e o desenvolvimento de competências, isso se transformou completamente. Hoje, a partir do entendimento de que a informação e a comunicação permeiam atividades de serviço, ensino e pesquisa, o Icict desempenha um papel fundamental para a Fiocruz, o Ministério da Saúde e parceiros internacionais”, avalia.

O atual presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, lembra que nos primórdios do século 20 já era latente a preocupação da Fundação com a informação e a comunicação em saúde. “Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e Herman Lent já valorizavam, àquela época, o investimento na área. As ações eram desenvolvidas sob outra perspectiva, basicamente através das bibliotecas, mas já sinalizavam os pressupostos do Icict. Hoje, a instituição assume uma responsabilidade estratégica para a construção e a reflexão sobre o campo da Informação, Comunicação e Saúde e seus impactos para o SUS”, avalia Gadelha.

Para responder às constantes transformações que caracterizam o campo da Informação e da Comunicação, sobretudo a partir do advento das novas tecnologias, a estratégia do Icict tem sido a renovação. Um contexto de permanente atualização demanda reinvenção contínua. “A biblioteca não pode ser mais a mesma, é necessário torná-la mais dinâmica, pró-ativa e acessível. Os sistemas de informação precisam responder às demandas cada vez mais complexas geradas pelo SUS. E a comunicação com a sociedade tem que ser cada vez mais imediata e interativa”, o diretor do Icict pondera e destaca: “Neste contínuo processo de reinvenção, que não se esgotará, o Ensino tem papel fundamental. A pesquisa abre uma janela para a reflexão, para o estímulo à inovação. Para se reinventar constantemente, é preciso estar aberto ao novo; se aventurar, sem perder de vista o norte da nossa missão: o desenvolvimento da ciência e da tecnologia a serviço do SUS”.

Informação e Comunicação para a Fiocruz

Na virada da década de 1980 para a de 1990, o amplo desenvolvimento das tecnologias de computação colocou o investimento em informática como uma das prioridades da Fiocruz. A recém-criada Superintendência de Informação Científica (SIC) participou ativamente da implantação do Centro de Computação Científica da Fiocruz, subsidiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

A expansão das atividades ainda nos primeiros anos de atuação da instituição gerou os embriões de importantes serviços que hoje constituem o Icict: o então Núcleo de Vídeo da Fiocruz, hoje VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz; o Serviço de Comunicação Visual, inicialmente Setor de Programação Visual vinculado à gráfica da Fiocruz; e o Sistema Integrado de Bibliotecas, que originou a Rede de Bibliotecas da Fiocruz, atualmente gerenciada pelo Icict.

Três anos após a sua criação, em 1989, a SIC tornava-se a Superintendência de Informação Científica e Tecnológica (Sict), dando início ao processo de rearranjos que levou à formalização do Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict), em 1992, e culminou em 2006 com o reconhecimento do Cict como unidade técnico-científica da Fiocruz. Surge então o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde.

Paralelamente, as primeiras atividades de Ensino foram sendo desenvolvidas na instituição, a partir dos cursos de atualização em técnica e linguagem audiovisual e em geoprocessamento. Mais tarde, a criação dos cursos de especialização em Informação e Comunicação e Saúde veio consolidar a área de Ensino do Icict, responsável também pelo Programa de Pós-Graduação em Informação, Comunicação e Saúde, com cursos de mestrado e doutorado.

Em meados dos anos 1990, o lançamento do Portal Fiocruz pelo então Cict inaugurou uma nova fase na área de Informação e Comunicação da Fundação. “Com a popularização da Internet, todas as unidades reconheceram a importância de criar a sua homepage, e nós atuamos fortemente junto à Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz na conformação deste ambiente favorável à informação e comunicação”, lembra Umberto.

Agora, o Icict prepara-se para apresentar a segunda versão do Portal Fiocruz, mais dinâmica e interativa. “Esta atualização é fundamental para corresponder às inúmeras transformações ocorridas nos modos de utilização da Internet desde a criação da primeira versão do Portal Fiocruz, em 2005”, avalia o coordenador do Portal Fiocruz, Rodrigo Ferrari. O Icict também é responsável pela Intranet Fiocruz – importante ferramenta de gestão para o aprimoramento dos processos de trabalho da instituição. Lançada em maio de 2009 em plataforma de software livre, a ferramenta integra as unidades da Fundação e coloca à disposição dos usuários uma memória institucional virtual, com agenda compartilhada, busca integrada, mural de recados, espaço para fotos e informações atualizadas da Fiocruz.

Para o SUS e para o mundo

Em seus 111 anos, a Fiocruz consolidou-se como uma instituição estratégica para o Estado brasileiro em Ciência, Tecnologia e Saúde, em um processo em que o desenvolvimento de estratégias e programas na área de Informação e Comunicação em Saúde tornaram-se decisivos.“Desde a virada da década de 1980 para a de 1990, a Informação e a Comunicação tornaram-se decisivas para a geração de conhecimento, o desenvolvimento tecnológico e a inovação em produtos e serviços. A resposta da Fiocruz à sociedade brasileira passa pela Informação e pela Comunicação”, resume o diretor do Icict.

Neste contexto, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, destaca diferentes iniciativas do Icict que têm contribuído diretamente para a atuação da Fiocruz em escala nacional e global. “As ações do Icict estão plenamente conectadas às prioridades do Governo Federal e às demandas de organismos internacionais. Seus projetos de pesquisa vêm preencher lacunas importantes, como o mapeamento do uso de crack no país, que subsidiará a formulação de políticas públicas efetivas para o controle do problema”, aponta Gadelha.

O presidente da Fiocruz também destaca a participação da unidade em iniciativas internacionais, como Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e a Segurança do Paciente (Proqualis) e o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano (IberBLH). Neste último, o Icict coordena as ações de informação e comunicação da cooperação internacional para o enfrentamento da mortalidade infantil e a promoção da segurança nutricional neonatal, de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A inovação está presente também no alinhamento do Icict ao movimento de acesso de livre ao conhecimento. A instituição protagoniza a comunicação pública da ciência, por meio de iniciativas como a Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde (Reciis) – primeira iniciativa institucional da Fiocruz na tendência internacional de conhecimento aberto e acesso livre. “Em formato eletrônico e bilíngue, o periódico é pautado pelos conceitos de conhecimento aberto e acesso livre e tem a responsabilidade de induzir a interdisciplinaridade entre Informação, Comunicação e Saúde”, define a editora científica da publicação, a vice-diretora de Informação e Comunicação do Icict, Maria Cristina Soares Guimarães.

E, para garantir o acesso de toda a sociedade ao conhecimento gerado pela pesquisa científica, o Icict investe no desenvolvimento do Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) – único dos 13 registros primários internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) em língua portuguesa.

Para o diretor do Icict, a inovação é o combustível da unidade. “Por trabalhar essencialmente com as tecnologias da informação e da comunicação e seus impactos para a saúde, precisamos sempre nos reinventar. Este é um processo que não terá fim”, conclui Umberto.

Palestras, debates e exposições comemoram 25 anos do Icict

A cerimônia de aniversário, celebrada no dia 7 abril, reuniu o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha; a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade; e o diretor do Icict, Umberto Trigueiros Lima em apresentações sobre a trajetória da unidade nestes 25 anos e suas contribuições para a saúde pública brasileira.

Na mesma tarde, o seminário “Metalinguagem digital e as políticas culturais” abriu o ano letivo do Programa de Pós-Graduação em Informação, Comunicação e Saúde do Icict (PPGICS). Participaram do debate a coordenadora do PPGICS, Inesita Soares de Araújo; o vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico do Icict, Christovam Barcellos e o sociólogo e pesquisador de comunicação e tecnologia, Sergio Amadeu.

O formato de observatório também foi alvo de debate, durante o seminário “Observando observatórios: Informação, Saúde e Ambiente para a Sociedade”, que reuniu a pesquisadora do Observatório de Saúde na Mídia, Kátia Lerner; o pesquisador do Observatório de Clima e Saúde, Christovam Barcellos, e a pesquisadora do Observatório de Tecnologia da Informação e Comunicação em Serviços de Saúde, Cristina Guimarães.

A produção audiovisual em saúde, importante área de atuação do Icict, teve destaque na programação de aniversário da unidade, com o lançamento dos vídeos produzidos pelo projeto Comunicação e Saúde, desenvolvido pela VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS). Após a exibição dos documentários, diretores dos filmes debateram o processo de produção audiovisual em saúde e os desafios na abordagem das doenças negligenciadas.

A temática foi contemplada, ainda, por mais dois seminários e a exposição histórica “Dresden, 1911: 100 Anos da Exposição Internacional de Higiene”, promovida pelo Icict em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). A mostra celebrou o centenário da Exposição de Higiene e Demografia de Dresden, na Alemanha, e trouxe a público imagens e aparelhos científicos exibidos por Oswaldo Cruz no pavilhão do Brasil, único país das Américas a construir um estande próprio no evento.

A inauguração da mostra foi oportunidade para o pré-lançamento do documentário Cinematógrafo brasileiro em Dresden, produzido pelo historiador e pesquisador da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz Eduardo Thielen, e a pesquisadora da COC/Fiocruz Stella Oswaldo Cruz. O vídeo contém cenas dos dois mais antigos filmes sobre saúde já realizados no Brasil, produzidos por Oswaldo Cruz e apresentados pelo cientista em Dresden, em 1911.

Mostra “Dresden, 1911: 100 Anos da Exposição Internacional de Higiene” apresenta imagens e aparelhos científico exibidos por Oswaldo Cruz na Alemanha

O documentário fomentou a realização do seminário “Cinema, Memória e Imagens da Saúde”. Mediado pelo pesquisador do Icict Carlos Eduardo Estellita Lins, o debate reuniu o professor da Universidade Federal Fluminense Fabián Nuñes, além de Eduardo Thielen e Stella Oswaldo Cruz. Em seguida, foi realizado o seminário “O olhar da Produção Audiovisual Independente sobre a Saúde”, com a documentarista Thereza Jessouroun e o diretor e produtor da Jah Comunicação, Reginaldo Bianco. A mesa foi moderada pelo diretor do Icict, Umberto Trigueiros Lima.

“Simpósio Internacional Gestão Estratégica em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde”

A programação de aniversário de 25 anos do Icict também incluiu o “Simpósio Internacional Gestão Estratégica em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde”, organizado pelo Icict, a Diretoria de Planejamento da Fiocruz (Diplan) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). O evento contou com palestras dos convidados internacionais François Bourse, Michel Authier e Michel Godet, que lançou o livro A prospectiva estratégica para as empresas e os territórios.

Espaço “Icict para Todos”

Além de assistir a palestras e debates, o público pôde circular pelo espaço “Icict para Todos”, montado no saguão da Biblioteca de Ciências Biomédicas, e conhecer os projetos em desenvolvimento no Instituto, como os sistemas de informação e plataformas tecnológicas desenvolvidos para a Fiocruz, o Ministério da Saúde e organismos internacionais. Os visitantes também foram apresentados aos métodos de preservação de acervos bibliográficos, às técnicas de digitalização de obras raras da Fiocruz e aos aplicativos eletrônicos elaborados para o monitoramento e o cuidado da saúde e do meio ambiente.

Nos estandes foram divulgados os trabalhos desenvolvidos nos seguintes setores e serviços do Icict: Centro de Tecnologia de Informação da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, Biblioteca Virtual em Saúde, Conservação e Higienização de Livros, Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e a Segurança do Paciente (Proqualis), Observatório de Clima e Saúde, Atlas da Água, Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (Sinitox), FioJovem, Metodologia de Avaliação do Sistema de Saúde Brasileiro (Proadess) e o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC).

Posteriormente, nos meses de maio e junho foram realizados outros seminários em comemoração aos 25 anos do Icict. No dia 4/5 foi realizado o seminário “O novo modelo de gestão da Fiocruz e seus impactos no SUS”. O encontro reabriu a rodada de discussões sobre a necessidade de mudanças no atual modelo jurídico da Fundação, tema intensamente debatido durante o Congresso Interno Fiocruz, realizado em 2010, e que será retomado pelos funcionários da instituição em nova série de reuniões, ainda este ano. Participaram do seminário Luiz Arnaldo Pereira da Cunha, da Lyncis Consultoria, Francisco Batista Júnior, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Pedro Barbosa, vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz e Paulo César Ribeiro, presidente do Sindicado dos Trabalhadores da Fiocruz.

No dia 20 de maio, a VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz comemorou 23 anos de atividades. O público, que lotou o auditório do Icict, participou de debates sobre dois temas relevantes para a distribuidora: a indexação de imagens em movimento e a recuperação física de materiais obsoletos, ou em condições ruins de apresentação. O programa do encontro, promovido pelo Núcleo de Estudos de Audiovisuais em Saúde (Neavs) da distribuidora, incluiu duas palestras.

Com o objetivo de debater a divulgação e a apropriação do conhecimento científico, o Icict promoveu também o seminário “Informação e comunicação na produção e apropriação do conhecimento em saúde”. O evento atraiu um público de mais de 80 pessoas para o Salão de Leitura da Biblioteca de Ciências Biomédicas, no dia 26/5.

Encerrando um semestre de eventos, em 21 de junho foi realizado o seminário “O uso das redes sociais na comunicação institucional”. Participaram do evento Valéria Miranda, assessora de comunicação da In Press Porter Novelli, Fernando Ramos Silva, coordenador do Núcleo de Comunicação Interativa do Ministério da Saúde (MS), Nívia Carvalho, editora de mídias sociais de O Globo, e Alexandre Inagaki, jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. A mesa foi mediada por Wagner Oliveira, coordenador de comunicação social da Fiocruz, e contou com a presença do diretor do Icict, Umberto Trigueiros. Em novembro, como parte das atividades comemorativas pelos 25 anos do Icict, estão previstos seminários sobre o uso de games de computador na saúde e tevê digital.

Informação ao alcance de todos

Ilma Noronha, bibliotecária e ex-diretora do Icict

“Corte-se a verba da alimentação, mas não a da biblioteca”. A emblemática máxima de Oswaldo Cruz reflete a importância que as bibliotecas têm para a Fiocruz, desde a sua criação. Hoje, a responsabilidade de preservar, atualizar e disponibilizar para o público o centenário acervo da instituição é do Icict, que desde 2006 coordena a Rede de Bibliotecas da Fiocruz.

Composta por dez unidades, a Rede de Bibliotecas da Fiocruz reúne os acervos das Bibliotecas de Ciências Biomédicas, de Saúde da Mulher e da Criança, de Saúde Pública, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, da Casa de Oswaldo Cruz e dos Centros de Pesquisa Aggeu Magalhães, Gonçalo Muniz, René Rachou e Leônidas e Maria Deane. Além de livros e teses, o acervo inclui cerca de mil periódicos internacionais técnico-científicos.

Como unidade coordenadora da Rede, o Icict é responsável pela realização de processos integrados de compra – o que reduz custos e otimiza investimentos. “A articulação das bibliotecas da Fiocruz em rede é estratégica para qualificar o atendimento ao usuário e potencializar suas ações para a difusão da informação científica e tecnológica em saúde”, avalia a bibliotecária e ex-diretora do Icict, Ilma Noronha.

A gestão da Rede de Bibliotecas da Fiocruz também acompanha o processo de inovação e desenvolvimento tecnológico que caracteriza a trajetória da unidade. “As bibliotecas de hoje integram acervos físicos e digitais, produzem conhecimento através de projetos de pesquisa e atuam como propositoras de debates e políticas para o acesso livre ao conhecimento”, complementa Umberto Trigueiros.

Seguindo a tendência mundial de acesso livre ao conhecimento, as Bibliotecas Virtuais em Saúde (BVS) são uma iniciativa do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme/Opas) e do Ministério da Saúde para ampliação à informação em saúde. Coordenada pelo Icict, a BVS Fiocruz integra diferentes acervos temáticos, como Doenças Infecciosas e Parasitárias (BVS Dip), Saúde Pública (BVS SP) e Aleitamento Materno (BVS AM), e disponibiliza o acesso a outras fontes de informação, como o portal de Teses e Dissertações da Fiocruz e a Rede de Bibliotecas da Fiocruz.

As estatísticas demonstram que a iniciativa tem conseguido atingir o objetivo de difundir a informação científica e tecnológica em saúde. Até setembro de 2011, o portal da BVS Fiocruz contabilizou mais de 23 mil visitantes únicos, que somaram quase 35 mil visitas e visualizaram quase 400 mil páginas – totalizando 23.28 GB trafegados.

Saúde em cena

De Núcleo a Departamento, de Departamento a serviço estratégico. A trajetória da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz e a consolidação de sua atuação propositora para a saúde pública brasileira acompanha a história e a evolução do próprio Icict. Criado apenas dois anos após a então Superintendência de Informação Científica (SIC), o Núcleo de Vídeo da Fiocruz surge em 1988 como espaço de captação, armazenamento e distribuição de materiais audiovisuais em saúde produzidos pela Fiocruz, outras instituições e produtores independentes. Vinte e três anos depois, a VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz atua como serviço estratégico do Icict e contribui para ampliar e fortalecer as práticas de comunicação no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Protagonistas desta história desde a criação do setor que deu origem à atual distribuidora, a sanitarista Áurea Pitta e a pesquisadora Janine Cardoso, do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces/Icict), ressaltam o viés democrático da iniciativa e a sua proposição inovadora de dar voz à sociedade no debate sobre a Saúde. “A VideoSaúde Distribuidora é um projeto provocador, que surge no momento de redemocratização do país com uma proposta de comunicação pública diferente de tudo o que era feito até então”, contextualiza Áurea.

Para Janine, o trabalho de mapeamento e distribuição de produções audiovisuais empreendido pela VideoSaúde desde a sua criação é fundamental para o processo de democratização da comunicação e da informação no país. “Não basta ampliar o acesso às fontes de informação e aos meios de produção, é preciso garantir a circulação de bens e sentidos produzidos por toda a sociedade”, enfatiza a pesquisadora.

Em pouco mais de duas décadas, o pequeno acervo tornou-se uma respeitável fonte de pesquisa e de informação audiovisual na área da saúde. Atualmente, reúne um conjunto com mais de cinco mil títulos, consultado por mais de três mil usuários cadastrados. A chefe da VideoSaúde Distribuidora, Tânia Santos, reforça que a disponibilização de um acervo audiovisual em Saúde de qualidade é uma preocupação constante do setor. “Está em curso uma pesquisa junto aos nossos usuários sobre o acesso, a utilização e a qualidade das produções disponibilizadas. O objetivo é aprimorar as práticas e processos de trabalho, de forma a oferecer um serviço cada vez mais qualificado”, adianta Tânia.

Além de trabalhar para a preservação e ampliação deste acervo – e de distribuí-lo para todo o país, por meio da formação de videotecas em universidades e centros de pesquisa – a VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz colabora para fomentar a produção audiovisual na área da saúde. Para isso, promove oficinas e mostras de vídeo, que resultam em parcerias estratégicas.

Um exemplo é o projeto Comunicação e Saúde, formalizado em 2010 por meio de parceria da VideoSaúde com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS). A colaboração rendeu a produção de seis documentários: um institucional sobre a SVS e cinco sobre doenças negligenciadas, intitulados “Vigilância em Saúde nos Desastres – A experiência de Rio Branco, Acre”; “A Saúde em rede contra os surtos: diarréia e outros sintomas de contaminação; Leishmaniose Visceral – conhecer para controlar”; “Esquistossomose – quebrando o ciclo”; e “Doença de Chagas – ontem e hoje”. Para 2012, a prorrogação do projeto Comunicação e Saúde prevê a produção de mais 12 documentários sobre a saúde pública brasileira.

Informação Estratégica para a Saúde

A produção, interpretação e disponibilização de informações em saúde para a sociedade brasileira – atividade que está na gênese do Icict desde a criação da Superintendência de Informação Científica (SIC) – constitui hoje área de referência da unidade para o Ministério da Saúde e organismos internacionais. Integrando as dimensões de serviço, ensino e pesquisa, o Laboratório de Informação em Saúde (LIS/Icict), que abriga a Área de Geoprocessamento da instituição, é responsável pelo desenvolvimento, manutenção e atualização de uma série de aplicativos eletrônicos que contribuem para o monitoramento e a avaliação das condições de vida e saúde da população brasileira. Por meio da integração de dados produzidos por diferentes instituições, as iniciativas produzem indicadores de saúde que constituem importantes ferramentas para a gestão da Saúde e a formulação de políticas públicas assertivas para a área.

Para o vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico do Icict, o pesquisador Christovam Barcellos, que atua na área de geoprocessamento em saúde desde o início da década de 1990, a integração entre as atividades de serviço, ensino e pesquisa é fundamental para a sustentabilidade do setor. “Os serviços prestados ao Ministério da Saúde e demais parceiros viabilizam o financiamento de projetos e a aquisição de equipamentos de alta tecnologia. A interlocução com profissionais e gestores de saúde proporcionada pelas atividades de Ensino contribui diretamente para a identificação das principais demandas do SUS e da população brasileira e aponta relevantes objetos de pesquisa. Por fim, a investigação científica é fundamental para gerar soluções, aprimorar tecnologias e abordagens e trazer respostas para as demandas da saúde pública brasileira”, comenta o pesquisador.

Desde a sua criação, na década de 1990, a área de geoprocessamento do Icict investe no Ensino como forma de aprimorar a sua atuação e de capacitar recursos humanos para a análise espacial em geoprocessamento em todo o país. O Laboratório de Informação em Saúde do Icict aposta também na modalidade de Ensino a Distância. Desde 2009, a capacitação é realizada em rede, em parceria com a Universidade de Goiás.
Inicialmente direcionado ao público acadêmico, o Curso de Atualização em Análise Espacial em Geoprocessamento do Icict ampliou a sua clientela ao longo dos anos. “A formação em geoprocessamento atrai também profissionais e gestores de saúde, vinculados a secretarias de saúde e ao Ministério da Saúde. Esta característica conferiu ao curso uma abordagem voltada para o serviço, para a oferta de ferramentas que aprimorem a atuação destas instâncias na formulação de políticas públicas e no controle de doenças”, descreve Christovam.

Hoje, os trabalhos desenvolvidos pelo Laboratório de Informação em Saúde do Icict incluem o Atlas da Água, que monitora a qualidade da água no país; o Observatório de Clima e Saúde, que relaciona a ocorrência de doenças ao fenômeno das mudanças climáticas; e o Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, que apoia a luta de populações que tiveram seus territórios atingidos por empreendimentos insustentáveis, prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana. “Estas plataformas utilizam abordagens interpretativas para gerar indicadores de saúde por meio de dados relativos ao meio ambiente, produzidos por diferentes instituições de pesquisa do país”, apresenta Christovam.

O vice-diretor do Icict destaca a capacidade de reprodução do modelo estabelecido pela área de geoprocessamento da unidade. “Através da capacitação de profissionais e gestores de saúde, nossa experiência vem sendo reproduzida em outras cidades brasileiras, como Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Goiânia e Campinas, e no exterior, através da realização do Curso de Atualização em Análise Espacial e Geoprocessamento em Saúde em outros países, como Panamá, Cuba e Portugal”, comemora Christovam.

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