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Termina hoje (24/11), às 17 horas, o Seminário Internacional de Bancos de Leite Humano, realizado pela Fiocruz e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O evento teve início ontem (23/11), no auditório do Museu da Vida, no campus da Fiocruz – Manguinhos, e reuniu representantes do Brasil, Guatemala, Uruguai e Equador, que tiveram a oportunidade de conhecer diferentes experiências em Bancos de Leite Humano (BLH).
Estiveram presentes na mesa de abertura o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o diretor do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Carlos Maciel, a pesquisadora Cícera Henrique da Silva, representando a Direção do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), o representante da Assessoria Internacional do Ministério da Saúde, Mauro Figueiredo, o representante da Opas, Luís Felipe Codina, a coordenadora da área técnica de saúde da criança e aleitamento materno do Ministério da Saúde, Elsa Giugliani e a vice-ministra da Saúde da Guatemala, Sílvia Paula Ruiz.
Durante o encontro, o IFF, o Icict e o Canal Saúde fizeram em conjunto o lançamento do SIG Tele Rede BLH. Trata-se de um Grupo de Interesse Especial (SIG) localizado na Rede Universitária de Telemedicina (Rute), que tem como objetivo ampliar o intercâmbio do conhecimento e transferência de tecnologia no âmbito do aleitamento materno e dos Bancos de Leite Humano. A Rede Rute é uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pela Associação Brasileira de Hospitais Universitários (Abrahue) e coordenada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que visa a apoiar o aprimoramento de projetos em telemedicina já existentes e incentivar o surgimento de futuros trabalhos interinstitucionais.
Brasil, Honduras, Equador e Guatemala celebraram 1 ano de cooperação multilateral via projeto TCC-OPS, com a finalidade de contribuir com a redução da mortalidade infantil, assim como desenvolver e apoiar políticas institucionais e comunitárias que fortaleçam o aleitamento materno e a capacidade de resposta do estado, através da cooperação sul-sul. Além dos países que integram o Projeto TCC-OPS estiveram presentes o México e o Uruguai, que vieram com o apoio direto da assessoria Brasileira de Cooperações (ABC) do Ministério das Relações Exteriores, e possuem projetos de cooperação bilateral firmados com a Fiocruz no âmbito das atividades de bancos de leite humano.
Para o presidente da Fiocruz, é um orgulho enorme para a Fundação participar do programa de BLHs de expandir a Rede para todo o Brasil e também para o cenário internacional. “A experiência da Rede BLH-BR agrega impactos para a saúde e envolve parcerias que só comprovam que quando se tem vontade política e competência técnica é possível melhorar a saúde da população em escala nacional e mundial”, ressalta Gadelha. O presidente afirmou ainda que uma das metas da Presidência da Fiocruz e do Ministério da Saúde é transformar o IFF em Instituto Nacional de Referência em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente e, para isso, o IFF deve prosseguir com o seu processo de qualificação para se tornar referência também no cenário internacional.
Segundo o diretor do IFF, a Rede Brasileira e o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano são brilhantes exemplos de um projeto integrador. “A união de esforços entre duas unidades desta casa, o Icict e o IFF, que com as suas especificidades, tanto no campo biomédico quanto no da comunicação e informação e saúde, confere concretude e consciência aos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico voltados para a construção da Rede BLH-BR”, explica Maciel.
Como na experiência brasileira, a Rede Iberoamericana busca metodologias e ferramentas tecnológicas desenvolvidas pelo Icict, tais como o Ensino a Distância, a Biblioteca Virtual em Saúde na temática Aleitamento Materno (BVS AM), a teleconferência, as comunidades virtuais, o Fale Conosco e o sítio virtual. “É com muita satisfação e enorme compromisso que participamos e apoiamos o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano. Com certeza é um trabalho que exige muita dedicação, devido às necessidades para atender toda a demanda”, ressalta Umberto Trigueiros, diretor do Icict.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2008, mais de 157 mil recém-nascidos foram beneficiados no Brasil com o leite humano doado e cerca de oito mil recém-nascidos nas demais regiões da Iberoamérica receberam o leite. “Estes números refletem o compromisso desta iniciativa com os objetivos de desenvolvimento do milênio no que diz respeito a mortalidade infantil com ênfase no componente neonatal”, destaca o diretor do IFF.
Na conferência “O aleitamento materno e os Bancos de Leite Humano na Política Nacional de Saúde do Brasil”, Elsa Giugliani apresentou números de uma pesquisa de prevalência de aleitamento materno realizada em 2008. A pesquisa mostra que aproximadamente 70% dos recém-nascidos são amamentados na primeira hora de vida. Segundo a coordenadora, este dado é positivo, porém, é preciso reconhecer a grande diferença regional do país. Em crianças menores de 6 meses, a pesquisa mostra que 41% estão sendo amamentadas exclusivamente, o que é considerado um número muito baixo para a organização Mundial da Saúde (OMS). Já em crianças de 9 a 12 meses, ou seja, aquelas que já recebem alimentos complementares ao leite humano, 60% dos bebês permanecem sendo amamentados. A pesquisa revela ainda que a duração mediana da amamentação exclusiva no Brasil é de 54 dias e da amamentação com complemento alimentar é de 11 meses.
O assessor internacional do Ministério da Saúde do Brasil, Mauro Figueiredo, destacou a importância da Rede BLH-BR como um produto SUS-Brasil no âmbito da cooperação internacional em saúde. Segundo os dados mostrados, a Rede BLH-BR é a área que, atualmente, mais apresenta projetos de cooperação internacional em curso. O evento contou ainda com a presença de representantes de países da Iberoamérica que relataram suas experiências em Bancos de Leite Humano em seus países. Na ocasião, participaram o representante da Opas no Equador, Oscar Suriel, a vice-ministra da Saúde da Guatemala, Silvia Paula Ruiz, a coordenadora do BLH do Uruguai, Mara Castro e o responsável pelo Laboratório de Controle de Qualidade do Leite Humano do IFF, Franz Novak.
O segundo dia contou com a participação de Ana Beatriz Vasconcelos, da Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, que destacou a importância da Política Brasileira de Alimentação Complementar. Já a coordenadora da Área Técnica de Saúde da Criança e do Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Elsa Giugliani, apresentou a Rede Amamenta Brasil. O representante do Datasus, José Fatia, apresentou o sistema BLH Web, que funciona para a certificação de processos. As diferentes experiências em Bancos de Leite Humano também foram abordadas pelos palestrantes Valdecyr Herdy Alves, do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap/UFF), Alexandra Monteiro, do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro (HMHP/RJ), e Rosane Siqueira, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Nova Friburgo. Foi também apresentada uma proposta de linha de base para avaliação de impacto por Cristiano Buccolini do HMHP.
O evento também contou com palestras ministradas por profissionais da Rede BLH-BR, como a responsável pelo controle de qualidade do leite humano do Serviço de Banco de Leite do IFF, Danielle Silva, que mostrou os ensaios de proficiência em Bancos de Leite Humano para a garantia da qualidade, Paulo Ricardo Maia, que apresentou o Sistema de Controle de Produção da Rede BLH-BR, e Maria Virgínia Brandão, que relatou como funciona a certificação de recursos humanos para a Rede BLH.
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