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O debate sobre o enfrentamento global da mortalidade infantil reuniu em Brasília representantes dos 26 países que compõem o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano (IberBLH), durante o V Congresso Brasileiro / I Congresso Iberoamericano de Bancos de Leite Humano e I Fórum de Cooperação Internacional em Bancos de Leite Humano, realizados de 27 a 30 de setembro. O encerramento do evento incluiu a assinatura da Carta de Brasília 2010, o lançamento do Dia Mundial de Doação de Leite Humano, 19 de maio, e a criação do Centro de Referência Nacional para Bombeiros que Atuam na Rede de Bancos de Leite Humano. A iniciativa, liderada pelo Brasil por meio da Fiocruz, promove a amamentação natural de recém-nascidos internados em unidades neonatais, garantindo a segurança alimentar e nutricional dos bebês.

“A Carta de Brasília 2010 concentra os esforços internacionais para o enfrentamento da mortalidade infantil e aponta as estratégias para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio até 2015, conforme estabelecido pela ONU”, afirma o secretário executivo do IberBLH, João Aprigio Guerra de Almeida. O pesquisador da Fiocruz coordena a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RedeBLH), reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a ação que mais contribuiu para a redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990. Segundo João Aprigio, a promoção da amamentação e o apoio às lactantes são fundamentais para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. “Os bancos de leite humano são estratégicos para reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde das gestantes e combater a aids, a malária e outras doenças”, o especialista resume.

Entre as diretrizes definidas pela Carta de Brasília 2010 estão a expansão com consolidação da Rede de Bancos de Leite Humano, garantindo a ampliação do acesso ao leite humano e à qualidade do produto; o estabelecimento de convênios entre os países signatários, organismos e agências internacionais; o intercâmbio do conhecimento científico e tecnológico no campo do aleitamento materno; a definição de meios de financiamento sustentável para enfrentar os desafios atuais e garantir a continuidade das ações em curso.

João Aprigio avalia que o documento é um marco para o enfrentamento global da mortalidade infantil. “Em 2005, a assinatura da primeira Carta de Brasília, durante o IV Congresso Brasileiro de Bancos de Leite Humano, formalizou o compromisso internacional na área. Hoje, concluímos parte desta etapa e seguimos adiante para enfrentar os desafios que ainda se impõem”, observa o pesquisador da Fiocruz.

A data da assinatura da primeira Carta de Brasília, 19 de maio, é homenageada com a criação do Dia Mundial de Doação de Leite Humano, que será lançado nesta quinta-feira, 30, e celebrado a partir de 2011. A iniciativa é inspirada na experiência brasileira, que desde 2004 comemora em 1º de outubro o Dia Nacional de Doação de Leite Humano. “As doadoras de leite humano são as protagonistas desta história. Os dias nacional e mundial dedicados ao tema valorizam a solidariedade e colaboram para a sensibilização das mulheres para a doação de leite materno. Temos certeza que os resultados positivos registrados nos últimos seis anos pelo Brasil serão replicados em nossos parceiros internacionais”, considera João Aprigio Almeida.

O evento foi palco também para a formalização do Centro de Referência Nacional para Bombeiros que Atuam na Rede de Bancos de Leite Humano. Em diversos estados, o Corpo de Bombeiros apóia a RedeBLH, por meio da coleta domiciliar de doações. O novo centro de referência treinará bombeiros de todo o país – e possivelmente do exterior – para integrar a iniciativa. “A expectativa é multiplicar as doações e ampliar o acesso de pacientes neonatais à amamentação natural”, João Aprigio adianta.

Durante a cerimônia de encerramento, cinco instituições foram contempladas com o Prêmio Rubén Panizza, por sua contribuição ao trabalho da Rede de Bancos de Leite Humano: Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Assessoria Internacional do Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Pan American Health Organization – Food and Nutrition, Familiy and Community Health, Healthy Life Course e Centro Hospitalario Pereira Rossell.