Fórum de cooperação internacional discute ações de bancos de leite humano

por
Cristiane d'Ávila
,
28/09/2010

Representantes de 24 países que integram o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano (IberBLH) estiveram reunidos nesta segunda-feira (27/09), em Brasília, para participar do Fórum de Cooperação Internacional em Bancos de Leite Humano - ABC/Fiocruz. No encontro, os palestrantes avaliaram os êxitos e os obstáculos para a instalação de bancos de leite humano em cada região e deram início à elaboração da Carta de Brasília 2010, documento que norteará, nos próximos cinco anos, a expansão e a consolidação do programa na Ibero-América e também na África, para onde a iniciativa se expande. O fórum abre o V Congresso Brasileiro em Bancos de Leite Humano e o I Congresso Iberoamericano em Bancos de Leite Humano, que acontece de 28 a 30/09, também no Distrito Federal.

A solenidade, aberta pelo coordenador do Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano, João Aprígio Guerra de Almeida, contou com a presença de Adson França, representando o Ministério da Saúde; Marcio Correia, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC); do diretor do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Carlos Henrique Maciel; de Umberto Trigueiros Lima, diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz); de Diego Vitória, da Organização Panamericana de Saúde (Opas) e de Agustín Spinosa, da Secretaria Geral Iberoamericana. No fórum estavam presentes os representantes da Guatemala, México, Cuba, Bolívia, Colômbia, Espanha, Portugal, Peru, Equador, Uruguai, Venezuela e Paraguai, além do Brasil. Na solenidade, colaboradores de diversas instituições nacionais, entre elas a Fiocruz, foram diplomados como consultores técnicos do Programa IberBLH.

O encontro dá continuidade ao debate iniciado em 2005, durante o Fórum Latinoamericano de Bancos de Leite Humano. Naquele ano, representantes do setor de saúde e proteção social dos governos de 13 países da América Latina elaboraram a Carta de Brasília 2005, pontuando as ações prioritárias para a consolidação da cooperação mútua em prol da redução da mortalidade infantil, com foco nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Agora, representantes dos 24 países integrantes do programa discutem os pontos focais da Carta de Brasília 2010, que será assinada no próximo dia 29/09. 

A heterogeneidade dos países participantes do programa fortalece a concepção de rede, onde a troca de experiências torna-se estratégia fundamental para a redução da mortalidade infantil e neonatal 

Se a diversidade cultural, política e socioeconômica de cada país complexifica as ações de um programa de cooperação internacional, o esforço de integração torna-se um desafio. Para João Aprígio Almeida, o Programa IberBLH, projeto de âmbito nacional sob a responsabilidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais do que uma estratégia de aleitamento materno do estado brasileiro, é lócus do intercâmbio de tecnologia e de conhecimento entre o Brasil e os países integrantes. “O elo que une a todos em rede, conceito norteador do programa, é a busca do conhecimento em prol da saúde das crianças. Por isso esse encontro é também uma oportunidade para olharmos o leite humano como alimento funcional e estratégia de qualificação da segurança alimentar e nutricional”, avalia Aprígio.

Durante todo o dia, representantes dos países iberomaericanos integrantes do Programa IberBLH debateram estratégias para o crescimento e consolidação da iniciativa

Oportunidade de diálogo e troca de experiências, o fórum também revelou as vicissitudes e as saídas encontradas por cada país para conduzir e administrar um banco de leite humano. Segundo a perspectiva dos diferentes estágios em que se encontram na condução ou implantação da iniciativa, os países membros podem ser atualmente “divididos” quatro grandes grupos: países com maior número de BLHs e em fase de operação de redes internas (Argentina, Brasil, Equador, Uruguai e Venezuela); países que já possuem BLHs em funcionamento (Cuba, Espanha, Guatemala, Paraguai e Portugal); países que dispõem de BLHs em fase de implantação (Colômbia, Costa Rica, Peru, Bolívia e México) e países em fase inicial de projeto para a implantação do programa (Cabo Verde, Panamá, Moçambique, Haiti, República Dominicana, El Salvador e Belize).  

Para o representante da ABC, Márcio Correia, a contribuição do Brasil para a redução da mortalidade infantil e neonatal, por meio da estratégia dos bancos de leite humano, é um modelo tão bem-sucedido que está sendo aplicado em mais países da América Latina, Europa e África. "Por sua relevância para o alcance dos ODMs, o programa é tema da agenda de cooperação internacional brasileira", ressalta.

Na opinião do diretor do Icict, Umberto Trigueiros, o crescimento e o fortalecimento da rede brasileira e iberoamericana refelte uma mudança de postura do Brasil com relação à cooperação internacional, uma conquista que deve ser aprofundada. "Para o Icict é uma satisfação participar do evento e colaborar para a construção das estratégias de informação e comunicação, elementos fundamentais para a consolidação da rede de BLHs no Brasil e no mundo". 

 

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