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O terceiro e último dia do 1º Colóquio Mediações e Usos de Saberes e da Informação: um diálogo França-Brasil foi pautado pela preocupação dos pesquisadores com o acesso mais igualitário e com a maior visibilidade da informação. As questões avançaram diante das problemáticas do assunto, como a existência de uma grande variedade de culturas, a resistência de alguns grupos da sociedade e as diferentes linguagens existentes. A nova forma do uso da informação no meio virtual também mereceu destaque.
A informatização do direito: uma ferramenta de comunicação abrindo um campo vasto de estudo e conhecimento foi o tema da apresentação do pesquisador da Universidade de Montpellier, Serge Bories. De acordo com o francês, nenhum cidadão pode ser ignorante a ponto de chegar a um tribunal e dizer que desconhece a lei. “A informatização do direito é uma forma de melhorar o entendimento das normas jurídicas. As pessoas não sabem escrever sobre o assunto na França, já que não existe uma forte relação com as leis antigas”, afirmou o pesquisador. “A solução encontrada foi criar um site, onde qualquer pessoa pode ter acesso a todas as leis existentes no país. Com isso, as relações são estreitadas”, completou o francês.
A pesquisadora da Universidade de Brasília, Elmira Simeão, discursou sobre a comunicação extensiva, novas formas de apropriação da informação e possibilidades diferentes para coletar, armazenar e disponibilizar a informação. Para Elmira, a leitura extensiva se impôs diante das práticas tradicionais de comunicação com uma leitura mais utilitária, imediata e com menor investimento na produção dos livros. “Esse tipo de leitura induz à produção de inúmeros exemplares, que são lidos individualmente de forma descartável, o que facilita sua disseminação e popularização”, afirmou a pesquisadora.
Elmira ainda destacou que a comunicação extensiva visa o acesso múltiplo, de caráter coletivo e cooperativo e que promova o compartilhamento de informações. Segundo a pesquisadora, este acesso é um sistema de arquitetura aberta, que visa à interoperabilidade dos dados. “Para medir e identificar os processos que provocam a comunicação extensiva, sugiro a utilização da hipertextualidade (conteúdo), interatividade (pessoas) e a hipermediação (criação de discursos multidimensionais), que são os indicadores propostos pela minha pesquisa”, destacou a pesquisadora.
Comunicação Intensiva |
Comunicação Extensiva |
Tradicionalismo |
Informalidade |
Normas rígidas |
Regras flexíveis |
Leitura restrita |
Leitura aberta |
Promove o reconhecimento |
Promove o inédito |
Referências idênticas |
Referências diferentes |
Leitura íntima e reflexiva |
Leitura rápida e superficial |
Sentido vertical |
Sentido horizontal |
O pesquisador da Uni-Rio, Ricardo Medeiros Pimenta, apresentou um recorte da sua tese de doutorado no evento. A apresentação de Ricardo foi pautada no papel da memória e do arquivo enquanto meios para a recuperação, instrumentalização e produção de conhecimentos. “Entendo que a valorização do papel do arquivo ocorreu no final da década de 70, na França, e no final da década de 80, no Brasil. Os dois países tiveram, em momentos históricos diferentes, a mesma experiência de crise de valores e identidade”, explicou Pimenta.
Segundo o pesquisador, as atuações da Confederação Geral do Trabalho e da Confederação Francesa Democrática do Trabalho apontam para o desenvolvimento do diálogo presente no espaço público através do papel do arquivo e da memória. “A criação e organização de serviços de arquivo destacam um fenômeno característico de um ‘desejo de memória’ por parte dessas instituições”, concluiu Pimenta, esclarecendo que os sindicatos devem ser entendidos como instituições.
O diálogo França-Brasil do último dia de evento ainda teve a colaboração do trabalho da pesquisadora da Université de Bordeaux 4, Vincent Liquete, que afirmou que os professores-documentalistas franceses cursam dois anos direcionados às ciências da informação e da comunicação para a sua profissionalização. Ela mostrou como se constrói progressivamente esta cultura profissional e científica da informação, além de observar as formas de mediação desenvolvidas na prática por esses atores desde as suas primeiras atividades profissionais em estabelecimentos de ensino.
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