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Comunicação e Saúde em debate no RAIC 2016

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Por
Raíza Tourinho
Publicado em - Atualizado em

O segundo dia da 24ª Reunião Anual de Iniciação Científica (Raic) do Icict foi aberto com a palestra “A Saúde na Mídia e o SUS”, proferida pelo pesquisador do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces/Icict) Igor Sacramento. Com o objetivo de compreender “que SUS é esse que está se colocando na imprensa”, o pesquisador analisou a entrevista do ministro da saúde do governo interino, Ricardo Barros (PP-PR), veiculada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 17 de maio, e a repercussão da mesma em três matérias publicadas no site do veículo.

Na entrevista “Tamanho do SUS precisa ser revisto, diz novo ministro da Saúde”, Barros defendeu que o governo não tem capacidade financeira para suprir todos os direitos individuais assegurados pela Constituição e que o crescimento dos usuários nos planos de saúde é positivo, uma vez que ajudaria a “aliviar” os custos do Estado com o setor. Horas depois da publicação da entrevista, Barros disse que o SUS "está estabelecido" e que não pretendia rever o tamanho do sistema.

A declaração, contudo, causou grande repercussão negativa e ao menos sete entidades ligadas à saúde divulgaram nota de repúdio, defendendo a universalidade do SUS. Em carta, o conselho deliberativo da Fiocruz manifestou preocupação com o episódio e afirmou que “a ideia de que o país não tem condições para arcar com o tamanho do SUS revela, na prática, um projeto de país e de nação onde os direitos sociais não têm prioridade e estão subordinados aos interesses econômicos” (confira ao lado).

Igor Sacramento

Sacramento categorizou a matéria como uma “entrevista-evento”, na qual a polêmica se torna um valor-notícia. “A polêmica é regular, constitui o fazer jornalístico moderno. Há um investimento na polêmica enquanto valor”, afirmou, lembrando ainda que o jornal tem estado no centro das polêmicas que envolvem o novo governo, a exemplo da divulgação de gravações que resultaram na exoneração de dois ministros em menos de 15 dias.

O pesquisador destacou também que o sentido proposto pelo texto da Folha de S.Paulo é de repúdio a fala do ministro, apesar do jornal usualmente veicular o sistema de saúde brasileiro como um SUS-Problema – de acordo com ele, a visão do SUS nas páginas da Folha, compartilhada com grande parte da população, “é uma visão hospitalar, de atendimento. Se o atendimento é ruim, o SUS é ruim”. Isso aconteceu, disse Sacramento, porque a Folha se vê como um cão-de-guarda (watchdog), em defesa do bem-comum. “A defesa do SUS se dá numa moralidade jurídica e do bem. É um pretenso jornal ao lado dos interesses coletivos”.

Além dos textos publicados pelo jornal, Sacramento analisou também os comentários dos leitores, e detectou que a maioria aderia a perspectiva colocada pelos textos.

Iniciação científica

As apresentações dos estudantes da Iniciação Científica começaram ainda pela manhã. Bruna de Oliveira Branco apresentou o trabalho “Metodologia de produção de indicadores de comunicação para o enfrentamento das desigualdades em saúde: a dimensão da determinação social da saúde”, orientado pela pesquisadora Inesita Soares de Araujo. Em seguida, Caio Cesar Leão Coelho expôs o estudo “Analisando a narrativa jornalística: uma investigação sobre câncer e risco”, sob orientação da pesquisadora Katia Lerner. Finalizando as apresentações da manhã, Marcelle Barreto Felix da Silva apresentou o estudo “O drama epidêmico midiático no Brasil: um estudo da construção da Influenza A-H1N1 em O Globo (2009)”, concebido com a orientação da pesquisadora Janine Cardoso.

Pela tarde, seguiram outras seis apresentações. Orientadas pela pesquisadora Adriana Kelly Santos, as estudantes Bianca Silva de Pontes, Kelly Cristina da Silva Cunha e Iaralyz Fernandes Farias apresentaram, respectivamente, os trabalhos “Materiais educativos sobre DST/AIDS: produção de sentidos e preservação da memória”, “Informação, tecnologia e comunicação: elaboração de acervo eletrônico de materiais educativos sobre DST/AIDS”, “Jogo sobre sexualidade, saúde e Aids: uma proposta de comunicação para adolescentes”.

Em seguida, a estudante Maria Eduarda Ledo Martins de Abreu, orientada pelo pesquisador Igor Sacramento, expôs o estudo “A alimentação como marca de diferenciação pessoal nas narrativas de celebridades”. Já os estudantes Tathiana Sanches Tavares Silva e Fábio Esteves Costa Correia finalizaram as apresentações da RAIC com o estudo “Jogos Digitais para Comunicação e Saúde”, orientados pelo pesquisador Marcelo Simão de Vasconcellos.