
A editora científica da RECIIS e vice-diretora de Ensino do Icict/Fiocruz, Kizi Mendonça de Araújo, e a coordenadora da RECIIS, Maria Elisa Luiz da Silveira, participaram do seminário ‘Fortalecimento dos periódicos de saúde coletiva: sustentabilidade editorial e promoção da diversidade na publicação científica’. O evento ocorreu nos dias 12 e 13 de junho na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e foi promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
O evento teve como objetivo central discutir a promoção da diversidade e inclusão na publicação científica e estratégias para o fortalecimento dos periódicos da área. Outros temas abordados no encontro foram avaliação da pós-graduação e repercussões para os periódicos. Participaram cerca de 50 editoras e editores de periódicos científicos em saúde coletiva.
O tema da diversidade e do acesso à informação é bastante caro e amplamente discutido no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz). “Reconhecemos que a diversidade étnico-racial, sexual, de gênero, de idade, entre outras, é um valor que deve ser incorporado nas nossas ações cotidianas; primeiro, porque todos têm direito a participarem do mundo de forma ativa, depois, porque a diversidade pode trazer pontos de vista novos que beneficiam um número maior de pessoas”, indica Maria Elisa Silveira.
No âmbito dos periódicos científicos, Kizi de Araújo sinaliza que o desafio colocado pelo Fórum às revistas é como promover diversidade desde a autoria dos manuscritos, para além de diversidade geográfica e institucional, incluindo grupos sociais tidos como minoritários (mulheres, indígenas, negros, pessoas com deficiência e pessoas trans). Outras formas de produção de conhecimento também dever ser consideradas. Essa discussão provoca os editores a propor estratégias para esse fim.
Algumas medidas adotadas na RECIIS consistem em buscar o envolvimento de editores associados de diferentes regiões do país e pareceristas diversos na avaliação dos manuscritos. Maria Elisa Silveira acrescenta ainda que a divulgação dos textos nas mídias sociais procura dar voz e corpo para produtores de conhecimento de perfis diversos.

Editores de periódicos científicos também se posicionam sobre critério de ineditismo para artigos oriundos de dissertações e teses acessíveis em repositórios
Produção em repositórios institucionais: a questão do ineditismo
Na ocasião, os editores se posicionaram contrários ao entendimento de critério de ineditismo adotado por algumas revistas, que levaria à recusa de artigos oriundos de dissertações e teses disponíveis em repositórios institucionais. A Abrasco, por meio do Fórum de Editores de Saúde Coletiva, argumenta que tal critério cria barreiras ao depósito de produções acadêmicas em repositórios institucionais, comprometendo a democratização do conhecimento.
De acordo com a nota de posicionamento, o Fórum de Editores de Saúde Coletiva reforça que tal medida enfraquece a política de Acesso Aberto e Ciência Aberta. O Fórum reconhece que a disponibilidade integral de teses e dissertações em repositórios amplia a circulação do conhecimento e não anula o valor acadêmico de um artigo derivado, submetido para avaliação de um periódico. A recusa de tais manuscritos em periódicos e os embargos equivocadamente criados em repositórios enfraquecem os repositórios institucionais, favorecem as ‘revistas predatórias’, como as que cobram taxas de publicação e prometem publicações rápidas, e ainda entram em conflito com a aceitação de preprints pelos mesmos periódicos.
Na RECIIS, não se adota por prática rejeitar manuscritos derivados de teses ou dissertações. A revista orienta para que os autores informem no ato de submissão que o artigo tem vínculo com o trabalho da pós-graduação. Essa medida diz respeito à transparência dos autores com o processo editorial.
Clique aqui e acesse na íntegra a nota de posicionamento.
O seminário ‘Fortalecimento dos periódicos de saúde coletiva: sustentabilidade editorial e promoção da diversidade na publicação científica’, organizado pelo Fórum de Editores de Saúde Coletiva, coordenado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), contou com o apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde do Ministério da Saúde (Decit/SECTICS/MS). Participaram do evento os seguintes periódicos da Fundação Oswaldo Cruz: RECIIS, Trabalho, Educação e Saúde (TES), Cadernos de Saúde Pública (CSP), Visa em Debate e Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário (CIADS).
Criado em 2014, o Fórum de Editores de Saúde Coletiva da Abrasco, atualmente coordenado por Angélica Fonseca e Antonio Boing, reúne editores de 22 revistas científicas, sendo cinco editadas pela Fiocruz. O Fórum tem o objetivo de fortalecer a comunicação científica e orientar o fazer editorial pelos princípios da Saúde Coletiva.
Clique aqui e saiba mais como foi o Seminário ‘Fortalecimento dos periódicos de saúde coletiva: sustentabilidade editorial e promoção da diversidade na publicação científica’.
*Foto: Kio Lima/Abrasco.
** Mosaico de fotos: arte de Thays Coutinho/Ascom em fotos de Kio Lima/Abrasco e Gabriel Teles.