Estudo avalia panorama e desafios relacionados à Hepatite C em meio à pandemia

por
Assessoria de Comunicação do Icict/Fiocruz
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25/03/2021

Pesquisadores do Brasil e do Reino Unido se reuniram para avaliar a situação atual da Hepatite C, num cenário marcado pela emergência epidemiológica da Covid-19. Os resultados estão na Nota Técnica Hepatite C no Brasil: panorama atual e desafios em face à pandemia de COVID-19, elaborada por pesquisadores do Icict/Fiocruz, da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (EAESP/FGV) e da London School of Economics e publicada no início de março pela instituição paulista.

Com mais de dez anos de pesquisas voltadas ao tema, o pesquisador Francisco Inácio Bastos, do Laboratório de Informação em Saúde do Icict/Fiocruz, contribuiu para analisar os dados recentes sobre os serviços de saúde e medidas de redução da Hepatite C no país, que nos últimos anos veio sofrendo restrições, ainda mais agravadas em 2020 devido à pandemia de Covid-19.

"O Brasil trabalha com uma meta de redução da Hepatite C, e vínhamos conseguindo essa diminuição de novos casos de maneira razoável. O que percebemos neste estudo é que, devido à sobrecarga dos serviços de saúde, que precisam priorizar a Covid-19, podem ser necessárias ações mais específicas em grupos prioritários da população", explica Bastos.

A Hepatite C é uma doença infecciosa viral transmitida pelo sangue, e, sua notificação é obrigatória no país. O estudo utilizou dados disponíveis no Ministério da Saúde, a partir das informações geradas nos serviços de saúde. A Fiocruz também tem dados relativos a grandes inquéritos de saúde, como a Pesquisa Nacional sobre o uso do Crack, com mais de 7 mil pessoas entrevistadas, e o 3º Levantamento Nacional sobre Uso de Drogas, que investigaram a prevalência da infecção dentre usuários de drogas injetáveis.

De acordo com a nota, no último ano, houve uma queda na dispensação de tratamentos para HCV, o vírus da Hepatite C, em mais de 50%, em comparação a 2019. Segundo os autores, uma das possíveis medidas para reverter o quadro poderiam ser ações locais de priorização do tratamento adequado a esses pacientes. 

"Em vez de ter como meta a redução global, que vai ser difícil nesse cenário, acreditamos que seria interessante buscar realizar essa meta de redução de novos casos em grupos mais específicos, como por exemplo, dentre pacientes de hemodiálise, que também são mais vulneráveis a essa infecção", pontua o pesquisador, explicando que medidas como essa já foram defendidas também pela Organização Mundial de Saúde.

Além de pesquisas epidemiológicas sobre Hepatite C, a Fiocruz também atua na pesquisa clínica, mais especificamente na área de infectologia, por meio do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), dentre outras áreas de estudo. Participaram desta nota técnica as pesquisadoras Carolina Coutinho, pesquisadora pós-doutora na EAESP/FGV, Elize Massard da Fonseca, pesquisadora e professora da EAESP/FGV e investigadora principal do projeto Newton Fund Institutional Links e Ken Shadlen, da London School of Economics.

O artigo está disponível para acesso no repositório institucional da EAESP/FGV, pelo link http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/30238

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