Mais da metade das comunidades Yanomami vivem em situação de risco de saúde

por
Assessoria de Comunicação do Icict/Fiocruz
,
21/06/2023


Mapa mostra as pistas de pouso localizadas em Território Yanomami | Divulgação/GT Geo-Yanomami

Pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) criaram um grupo de trabalho para reunir e analisar bases de dados sobre a população yanomami. Os primeiros resultados da pesquisa apontam: 62% das comunidades indígenas yanomami vivem hoje muito próximas (menos de 5 km) de áreas com floresta alterada por não-indígenas, o que as coloca em situação de risco imediato. Essa porcentagem corresponde a mais de 17 mil indígenas. 

O grupo de trabalho (GT) Geo-Yanomami cruzou diversas bases de dados e imagens aéreas, referentes a 366 comunidades indígenas e seu entorno. E, assim, pôde mensurar a escalada de ameaças à saúde dos indígenas nos últimos anos. Além de pesquisadores do Icict/Fiocruz, o GT é composto por especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Universidade Veiga de Almeida (UVA), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), entre outras instituições. O estudo foi publicado também em parceria exclusiva com o veículo InfoAmazonia.   

A degradação ambiental e o mau uso do solo causados pelo garimpo se relacionam diretamente com o aumento dos problemas de saúde dos indígenas nos últimos anos. Entre as principais alterações observadas no Território Yanomami estão as queimadas: foram 708 km² de áreas atingidas entre 2017 e 2022. As outras atividades que mais destruíram a floresta na região foram desmatamento e mineração.

Cruzando dados do relatório Yanomami sob ataque (publicado pela Hutukara Associação Yanomami em abril/2022) com imagens de satélite de dezembro de 2022, os pesquisadores constataram aumento de mais de 100 pistas de pouso, sendo pelo menos 38 delas clandestinas. Elas estão concentradas ao Norte do Território Yanomami, região onde há maior incidência de ouro.

O estudo também aponta que, dos mais de 25.000 km de extensão de rios que passam pela região, cerca de 2.000 km registram a presença de indígenas morando às suas margens. Metade deles (53%) estão potencialmente contaminados, atingindo uma população de cerca de 12 mil indígenas.

“Percebemos que havia muitos dados importantes disponíveis, mas eles precisam ser ordenados e analisados. Com os resultados produzidos pelo estudo, esperamos auxiliar no planejamento de ações para enfrentar a crise de saúde nas comunidades Yanomami, não apenas em momentos de emergência, como agora, mas também nos próximos anos. Essa análise é um passo inicial que precisa ser aprimorado com informações de campo e monitoramento”, explica Diego Xavier, pesquisador do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz e integrante do grupo Geo-Yanomami.  

O GT Geo-Yanomami é coordenado pelo Icict/Fiocruz.

Leia aqui a íntegra da nota técnica.

Comentar

Preencha caso queira receber a resposta por e-mail.

Assuntos relacionados

Porto Livre reúne obras gratuitas sobre saúde dos povos indígenas

Diante da emergência vivida pelo povo Yanomami, plataforma de livros em acesso aberto do Icict difunde a importância da saúde indígena

Para saber mais

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

Este site é regido pela Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, que busca garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral de toda obra intelectual produzida pela Fiocruz.

O conteúdo deste portal pode ser utilizado para todos os fins não comerciais, respeitados e reservados os direitos morais dos autores.

Logo acesso Aberto 10 anos logo todo somos SUS