Proqualis enfatiza Cultura de Segurança do Paciente em comemoração ao Dia do Hospital

por
Isis Breves (Proqualis)
,
02/07/2015

Dia 02 de julho comemora-se o Dia do Hospital. Neste contexto, o Proqualis enfatiza a importância de se instituir uma Cultura de Segurança do Paciente no ambiente hospitalar, já que evidências científicas comprovam que o seu fortalecimento favorece a redução da incidência e mortalidade relacionado a eventos adversos.

Desde 2013, a publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)  nº 36, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde. Segundo a RDC nº 36, os hospitais através de seus núcleos de segurança do paciente (NSP) devem adotar princípios e diretrizes de melhoria contínua dos processos de cuidado e do uso de tecnologias, disseminação sistemática da cultura de segurança do paciente, articulação e a integração dos processos de gestão de riscos e a garantia das boas práticas de funcionamento do serviço de saúde.

A disseminação da cultura de segurança do paciente significa “estimular os profissionais a reconhecerem os riscos e a acreditarem que esses podem ser minimizados, evitando-se assim que pacientes sejam vítimas de eventos adversos. Para fortalecer a cultura de segurança é necessário valorizar o aprendizado contínuo. Há de se valorizar a notificação de incidentes para que se possa conhecer os principais erros decorrentes do cuidado de saúde e suas possíveis causas em cada hospital.  Habitualmente, quando ocorre um incidente de segurança em hospitais há mais de um fator causal envolvido, favorecendo a sua ocorrência.  Outro ponto fundamental é promover uma cultura não punitiva, o que também prevalece nos hospitais a nível global. Os profissionais geralmente têm receio de notificar um incidente de segurança, pois ainda prevalece o questionamento do “quem” e não do “o quê” efetivamente ocorreu, atribuindo-se uma punição ao profissional, ao invés de ações corretivas. Isso impede que as reais falhas nos processos e na estrutura de trabalho sejam reconhecidas”, explica a enfermeira Claudia Tartaglia Reis, doutora em Saúde Pública e colaboradora do Proqualis.

Promover a Cultura de Segurança do Paciente é uma estratégica prevista para o Plano de Segurança do Paciente, sendo a RDC nº 36 da ANVISA, para que haja ações de gestões de risco. “Uma cultura de segurança fortalecida trará benefícios para o paciente, para o profissional, denominado na literatura como “a segunda vítima” e para a organização. Para o paciente, o maior benefício será receber um cuidado de qualidade e seguro, resultando em melhoria de sua saúde. Para o profissional, uma vez diagnosticadas e corrigidas as falhas nos processos e na estrutura, os benefícios serão condições melhores de trabalho e satisfação profissional com os resultados obtidos; já a organização ganha em credibilidade e reduz os custos evitando o aumento do tempo de permanência hospitalar provocados por incidentes de segurança”, afirma Claudia.

Hoje o Ministério da Saúde preconiza seis metas internacionais para que os hospitais atuem em sua gestão de risco relacionada à segurança do paciente:

  1. Identificar corretamente o paciente;
  2. Melhorar a comunicação entre profissionais de saúde;
  3. Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos;
  4. Assegurar cirurgia no local de intervenção, procedimento e paciente corretos;
  5. Higienizar as mãos para evitar infeções;
  6. Reduzir o risco de quedas e úlceras por pressão;

Mas, para que as metas sejam trabalhadas e implementadas nas rotinas dos profissionais como práticas mais efetivas e mais seguras, é necessário trabalhar a cultura de segurança do paciente. “A cultura de segurança é um conceito multidimensional. Para fortalecer a cultura de segurança há a necessidade de investimentos financeiros para a melhoria dos processos e do engajamento de todos os profissionais direta ou indiretamente envolvidos no cuidado de saúde, incluindo os administrativos. Para isso é essencial o apoio da alta gestão e das lideranças. Demanda investir em capacitação e treinamentos, visando o aprendizado contínuo. A comunicação aberta, com a valorização de todos os profissionais que compõem a equipe de trabalho é salutar. A notificação de incidentes deve ser encorajada e sistematizada para se conhecer a realidade da organização com relação às causas dos seus incidentes de segurança. Outros pontos vulneráveis a se trabalhar constituem os processos nas transições do cuidado e transferências onde é comum a perda de informações importantes para os pacientes”, comenta Claudia.

Existem ferramentas que avaliam a cultura de segurança do paciente em hospitais disponíveis e validadas internacionalmente para que esse processo possa ser implementado nas organizações. Segundo Claudia, como primeiro passo, “recomenda-se avaliar a cultura corrente. A avaliação da cultura de segurança em hospitais, enquanto ferramenta de gestão é habitualmente realizada por meio de questionários desenvolvidos para esse fim e pode ter objetivos diversos: i) Compreender como os funcionários percebem a segurança do paciente na organização; ii) Identificar áreas/unidades cujas características da cultura necessitam melhorias; iii) Avaliar a efetividade de ações implementadas para melhoria da segurança ao longo do tempo; iv) Comparar dados internos e externos à organização; v) Priorizar esforços de fortalecimento da cultura”.

Claudia finaliza ratificando que é “através dos resultados apurados na avaliação que se torna possível identificar pontos frágeis e fortalecidos da cultura de segurança para que se possam priorizar intervenções. Através do uso de questionários é possível também comparar as culturas prevalentes entre os diversos setores do hospital, as quais podem diferir, e entre diferentes categorias profissionais”.

Para o Brasil estão disponíveis dois questionários já validados em estudos prévios: 1) O Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC) (Sorra e Nieva, 2004), traduzido para o português e adaptado para uso no Brasil (Reis et al. 2012; Reis, 2013). 2) Safety Attitude Questionnaire (SAQ) (Sexton et al., 2006) traduzido para o português e adaptado para uso no Brasil (Carvalho REFL, Cassiani SHB. Cross-cultural adaptation of the Safety Attitudes Questionnaire –Short Form for Brazil. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2012; 20(3):575-82).

O Proqualis disponibiliza por meio de seu portal uma página dedicada à Cultura de Segurança do Paciente, a qual o profissional poderá ter acesso a uma literatura de interesse sobre o tema com artigos publicados, já com tradução de seus resumos em português, links de instituições internacionais e demais materiais selecionados. Em destaque para aula sobre cultura de segurança do paciente no slideshare

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