Secretário Nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa visita o Icict

por
Assessoria de Comunicação do Icict Fiocruz
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30/10/2023

Créditos: Foto: Peter Illiccev (Fiocruz Imagens) | Arte: Vera Fernandes (Ascom/Icict/Fiocruz)

No dia 11 de outubro, o secretário nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa (ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania – MDHC), Alexandre da Silva, e o coordenador geral de Políticas de Envelhecimento Ativo e Saudável e Desenho Universal, Kenio Lima, estiveram no Icict para conversar com os pesquisadores do Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento – Gise, do Laboratório de Informação em Saúde (LIS) e com a vice-diretora de Pesquisa, da unidade, Mônica Magalhães. Na pauta, as pesquisas realizadas, os produtos disponibilizados pelo grupo e a parceria em projetos da Secretaria.

Equipe do Gise. tendo ao centro Kênio Lima e Alexandre da Silva (de gravata) e Mônica Magalhâes (última à direita) | Foto: Raquel Portugal (Multimeios/Icict/Fiocruz)

A equipe do Gise realizou uma apresentação de todos os projetos realizados pelo Grupo. Segundo Aline Marques, a visita de Alexandre da Silva representa “além do reconhecimento do trabalho realizado pelo Gise no campo da saúde da pessoa idosa, há a possibilidade de estreitar parceiras que visem consolidar e fortalecer a Política Nacional da Pessoa Idosa, e contribuir para ampliar a importância do debate sobre o envelhecimento populacional brasileiro”, explicou a pesquisadora.

O secretário, que é especialista em envelhecimento, doutor em Saúde Pública, pesquisador e professor, tem vasta experiência e atuação no campo da longevidade. Ele elogiou o trabalho desenvolvido pelo Gise e destacou que vem acompanhando as iniciativas já desenvolvidas pelo grupo, como o Sisap-Idoso, por exemplo. “Os bancos de dados sobre saúde da pessoa idosa em geral têm muitas informações, mas é necessário que eles tenham também variantes como questões de direitos humanos, gênero e raça”, comentou. 

Alexandre Silva também argumentou a importância das pesquisas para a elaboração das políticas públicas, citando como exemplo as que apontaram que estudantes negros foram os mais afetados durante a pandemia de Covid-19. “A pesquisa – por meio de evidências – mostra que foram eles os que faltaram mais de um mês na escola, não tinham mais de 10 livros em casa... Estamos de novo comprometendo um grupo para envelhecer, pois será a mesma situação de seus pais e avós. É muito complicado saber que ainda não estamos sabendo lidar com essas urgências, a criança está precisando de uma ação agora, para que possa envelhecer com tranquilidade”, destacou.

Acompanhando o secretário nacional, estava Kênio Lima, que vem a ser o coordenador de Políticas de Envelhecimento Ativo e Saudável e Desenho Universal, ligado à Secretaria. Durante a reunião, ele falou sobre os pilares do trabalho de sua coordenação, que são: a lógica da saúde; a educação para toda a vida, porque o que se aprendeu na infância, a educação não formal, os conhecimentos e sua sabedoria são importantes para toda a sua vida; lógica da segurança e proteção das pessoas idosas; e a participação das pessoas idosas. Para Lima, esse é um trabalho “essencial para constituir programas e projetos para chegar às pessoas idosas dos locais mais distantes do Brasil, que é o que nós, efetivamente, pensamos sempre em fazer. Tudo isso, obviamente, à luz dos dados demográficos, levando em consideração à privação sócio-econômica e a desigualdade social”, afirmou.

Lima reafirmou a importância da parceria com a Fiocruz, em especial, com o Gise. “Nós reconhecemos a expertise (do Grupo), a importância que isto tem para a compreensão dos direitos da pessoa idosa, e é no sentido de olhar para os direitos humanos e cidadania da pessoa idosa, mesmo compreendendo que o Gise trabalha com o conceito ampliado de saúde, que tem uma interface muito grande com as questões dos direitos humano. Queremos alinhar relações para produzir informação de qualidade, para que possamos utilizar na construção de nossos programas e projetos a fim de chegar a quem de fato interessa: as pessoas idosas desse país”.

Ao final da reunião, Aline Marques ressaltou a importância das parcerias, destacando que elas significam “a consolidação e permanência do trabalho do grupo no campo acadêmico e de apoio à gestão pública na área do envelhecimento”. Das ideias iniciais lançadas pelas autoridades e pelo grupo de pesquisa, ficou evidente a necessidade de “fortalecer e subsidiar o debate sobre a desigualdade do envelhecimento na população brasileira, sob a perspectiva dos grupos minoritários e vulneráveis”, explicou Marques. Ela também informou que serão pensados em conjunto, com a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, projetos sobre avaliação e monitoramento da implantação de políticas e programas voltados à população idosa.

Cuidadores e redes de apoio

O coordenador de Políticas de Envelhecimento Ativo e Saudável e Desenho Universal, da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, Kênio Lima conversou com o site do Icict sobre a importância dos cuidadores de Idosos. Na reunião com a equipe do Gise, o secretário Alexandre da Silva já tinha falado sobre a importância do olhar para os cuidadores de idosos, “em sua grande maioria, mulheres e negras”. Lima reforça essa visão e alerta para importância das redes de apoio.

Qual suporte que o poder público pode dar para os cuidadores de idosos? 

Isto é um fato: há uma sobrecarga financeira e também emocional que os cuidadores passam e que eles têm a necessidade de propiciar uma melhor qualidade de vida para seus idosos. Não podemos esquecer que boa parte desses cuidadores são idosos e, preferencialmente, são mulheres.  

Na prática, nossa Coordenação trabalha com os direitos humanos e a cidadania das pessoas idosas mas, como eu sempre falo, trabalhamos com uma tríade: pessoa idosa, cuidadora e família. Entendemos que a lógica é pensar os direitos humanos dessa tríade. Ou seja, não só da pessoa idosa, não só da pessoa que está no processo de envelhecimento, mas também naquelas pessoas que estão na rede mais próxima àquela pessoa idosa. Então, a ideia é trazer a questão do direito à saúde, à educação, à previdência, à assistência, à moradia, ao descanso, ao lazer. Estamos fazendo articulação com a Secretaria Nacional de Cuidados e Família, para fazer um olhar específico para essa população, sobretudo pensando que, em sua grande maioria, são mulheres e mulheres negras. Precisamos pensar na questão racial e de gênero.

Como ter ações para cuidar desses que cuidam, principalmente com o alto índice de síndromes demenciais?

Pensando na reestruturação de uma rede de proteção às pessoas que prestam cuidado às pessoas idosas. Isto é fundamental. Inclusive em nossa conversa com a Fiocruz tivemos a discussão de pensar na rede de apoio. Se temos uma grande quantidade de pessoas com processo demencial – e que vai virar uma epidemia e já tem dados que mostram isso; sobrecarga da cuidadora – fato também – e aí como o poder público vai pensar nisso, se ele não pensa e não estimula a discussão em nível de sociedade, da construção dessa rede de proteção? 

Não é construção só no papel, é botar de fato, pra valer. Como é essa rede? Quais são os pontos de atenção? Quem pode ser a pessoa que vai fazer esse cuidado para além daquele cuidador familiar, que se sente nessa obrigação dos cuidadores informais... Enfim, a questão da política do cuidado é algo que precisa ser ofertada pelo Estado e aí pensamos na estruturação dessa rede e que possa trazer realmente benefícios à vida dessa pessoa cuidadora  que cuida das pessoas idosas.

Eu gosto muito de provocar reflexão. Essa da rede é uma provocação que me é muito cara, de trazermos isso ao debate, de ressignificar o papel dessas instituições de longa permanência. Precisamos olhar para isso também. 


Coordenadora do Gise participa de seminário sobre envelhecimento 

Crédito: Mesa do Seminário ‘Envelhecer é o nosso futuro: 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa”, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania | Foto: Arquivo pessoal Dalia Romero

A coordenadora do Gise, Dalia Romero, participou no último dia 3 de outubro do Seminário ‘Envelhecer é o nosso futuro: 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa”, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, em Brasília, que contou com a presença dos ministros Silvio Almeida (MDHC),  Carlos Lupi (da Previdência Social) e Osmar Júnior (do Desenvolvimento Social), além de Alexandre da Silva, dentre outros. 

Romero falou sobre “Participação social e Estatuto da Pessoa Idosa: conquistas e desafios” e defendeu a cobrança da produção de dados para populações específicas sobre as populações indígena, negra, LGBT para que fiquem evidenciadas às disparidades de vida e morte dessas pessoas. Ela fez uma defesa contundente do direito ao envelhecimento. 

A apresentação de Dalia Romero começa a partir de 1h37 indo até 1h56 no vídeo abaixo.

Assista na íntegra aqui todo seminário:

Seminário Envelhecer é o nosso futuro: 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa [MANHÃ]

Seminário Envelhecer é o nosso futuro: 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa [TARDE]

Crédito das imagens: Secretário Nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa/MDHC, Alexandre da Silva  | Foto: Wilson Dias - Agência Brasil / Coordenador de Políticas de Envelhecimento Ativo e Saudável e Desenho Universal, da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, Kênio Lima | FOto: Raquel Portugal (Multimeios/Icict/Fiocruz)

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