A capital brasileira viveu dias de intensos debates sobre os desafios contemporâneos da saúde. O 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva promoveu, entre os dias 28 de novembro e 3 de dezembro, diálogos desde a crise climática à transformação digital da saúde, destacando o papel político, social e cultural dos processos da saúde e do SUS.
Confira alguns destaques do campo da informação e comunicação em saúde.
Lançamento do Repositório de Saúde dos Povos Indígenas
O Icict participou no sábado (29/11), durante o pré-congresso, do lançamento do Repositório de Saúde dos Povos Indígenas, um acervo on-line com mais de 8 mil itens bibliográficos e multimídia com temas de saúde, em atividade que contou com a participação de sanitaristas indígenas.
A iniciativa é uma parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI/MS) e Abrasco. “Precisamos destacar e disseminar as autorias indígenas”, defendeu a pesquisadora Inara Sateré-Mawé, do GT de Saúde Indígena da Abrasco.
“O acesso a esse acervo é muito importante tanto do ponto de vista da visibilidade quanto do ponto de vista da divulgação científica, mas com uma perspectiva dos direitos humanos”, afirmou Luciana Danielli, do Icict, que fez parte do projeto ao lado de Ana Lúcia Pontes, pesquisadora da Ensp. Também participou da sessão a presidente da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública, Emma Rawson-Te Tapu.
Acesse o repositório: https://saudeindigena.fiocruz.br
Saúde e participação social
Na cerimônia de abertura (29/11), movimentos sociais defenderam a participação popular, reparação histórica e justiça social, como destacou Mateus dos Santos Brito, do Coletivo Nacional de Saúde Quilombola/Conaq. O tema das políticas públicas pautadas pela participação cidadã também foi destacado pela vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação Fiocruz, Marly Cruz. A mesa contou com a participação de Adriano Massuda, secretário-executivo do Ministério da Saúde, que apresentou diversas frentes de trabalho do Ministério e destacou as ações no campo da saúde digital.
Saúde coletiva contra o negacionismo científico
A partir de domingo (30/11), muitos debates e sessões científicas abordaram as questões de desinformação e seus impactos à saúde. O próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que apenas uma atuação política, social, cultural e ideológica pode combater o negacionismo científico e destacou os investimentos do Programa Nacional de Imunizações para aumento das coberturas vacinais e outras ações de promoção da saúde.
A literacia em saúde foi um tema transversal em muitos grupos de trabalho, tanto em eixos da informação quanto da comunicação em saúde, além de discussões teóricas e práticas sobre a desinformação, como a mesa-redonda ‘Desinformação: a hegemonia de um conceito e o silenciamento de outras falas’, com as debatedoras: Carolina Sampaio, da Secretaria de Políticas Digitais da Presidência da República (SPDIGI); Adriã Galvão, que compõe a Associação Brasileira de Indígenas Jornalistas; e a pesquisadora e professora Inesita Soares de Araújo, do Icict.
“Há uma nova ecologia comunicacional e é preciso compreendê-la além das métricas das próprias redes”, pontuou Inesita, que defende um modelo mais dialógico e democrático, menos concentrador da palavra e do discurso nas instituições. Carolina Sampaio, da SPDIGI, defende perspectivas do sul global para a compreensão e enfrentamento da desinformação. “Uma das chaves para a resposta a esse desafio é a integridade da informação”, afirmou.
Do ponto de vista indígena, Adriã Galvão entende a desinformação como parte das narrativas de memoricídio e epistemicídio com as quais os povos indígenas brasileiros convivem há séculos. Comunicadores de várias etnias, territórios e contextos culturais produziram um Manual de Redação de Jornalismo Indígena para contribuir nesse enfrentamento. “A nossa comunicação é ancestral. Você não vai fazer comunicação com uma pessoa indígena sem entender o que é a existência indígena”, defende a comunicadora. O manual está em fase de divulgação pela Abrinjor.
Premiação
A pesquisadora Daniela Muzi foi premiada com o trabalho 'Documentário como prática educomunicativa: visibilizando a equidade de gênero na ciência e seus impactos na saúde'. A apresentação, em parceria com Beatris Duqueviz (vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação - VPEIC), integrou a modalidade Comunicação Oral, na sessão sobre Comunicação Científica, letramento e literacia'.
Daniela Muzi e Beatris Duqueviz dirigiram o documentário 'Ciência delas'(2025), que conta a trajetória do Programa Mulheres e Meninas na Ciência da Fiocruz, a partir de algumas personagens relacionadas à promoção da equidade de gênero na ciência.
Assista na plataforma de filmes Fioflix: https://videosaude.icict.fiocruz.br/filmes/ciencia-delas
Icict no Abrascão
O instituto participou da evento com uma grande comitiva de docentes, pesquisadores, estudantes de pós-graduação, comunicadores e trabalhadores que movimentaram os temas da informação e comunicação.
- Que tal conferir os registros fotográficos? Visite o perfil do Icict: https://www.instagram.com/icict_fiocruz
- Toda a programação: https://zandaeventos.com.br/saudecoletiva2025/programacao
- Mais informações e a cobertura completa do 14º Abrascão estão disponíveis no canal Abrasco Notícias: https://abrasco.org.br/noticias-abrasco
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Em vídeo, o diretor do Instituto, Adriano da Silva, destaca que o encontro é um espaço fundamental para os debates sobre o fortalecimento da saúde pública no Brasil.