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América Latina e Caribe cobram protagonismo do Sul Global na COP30 e lançam manifesto durante 5ª Conferência Global

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Informações de Ariene Rodrigues (Observatório de Clima e Saúde) e Adrielly Reis (Fiocruz Brasília)
Publicado em - Atualizado em
Foto da abertura da Conferência Global de Clima e Saúde de 2025, em Brasília.

Diante de um contexto de desigualdades nos impactos das mudanças climáticas, organizações da América Latina e o Caribe (ALC) lançaram, nesta terça-feira (29), o manifesto 'Posição Comum da América Latina e o Caribe sobre Mudança Climática e Saúde'. O Observatório de Clima e Saúde (Icict/Fiocruz) é um entre os mais de 50 signatários do manifesto.

O documento foi divulgado em Brasília durante a Conferência Global sobre Clima e Saúde, evento preparatório para a COP30 que acontecerá em novembro, no Pará. Promovido pelo governo do Brasil, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Aliança para Ação Transformadora em Clima e Saúde (ATACH), o evento promove debates sobre estratégias de clima e saúde entre os dias 29 e 31 de julho.

Os representantes da ALC lembram que a vulnerabilidade da região e a transição energética justa enfrentam desafios herdados do colonialismo e acentuados pelas dinâmicas geopolíticas atuais. Para o grupo, a COP30 “representa uma oportunidade única para elevar a voz do setor sanitário da ALC nas negociações climáticas globais”.

Para Christovam Barcellos, um dos coordenadores do Observatório de Clima e Saúde, o manifesto reforça a necessidade de encarar a mudança climática como uma questão de saúde pública e de justiça social. Ele afirma ainda que “é preciso reconhecer que os países mais impactados pelas crises ambientais não são os que historicamente mais contribuíram para elas”.

O documento destaca que, em tempos de desinformação e negacionismo afetando as políticas públicas, é necessário garantir que decisões climáticas e sanitárias sejam baseadas em evidências científicas. E indica a promoção da justiça social e da ambiental como pilares essenciais para uma resposta justa e equitativa ao desafio que se apresenta em escala planetária.  

Perante os desafios, o manifesto apresenta seis eixos de posicionamento, com demandas tanto para os governos locais quanto para a comunidade internacional. Entre as exigências, estão a proteção da saúde e abordagem dos impactos da mudança climática, a Justiça Climática e equidade e o financiamento para a mudança climática e a saúde. Ele também propõe aos países a adoção de sistemas de saúde universais que promovam a equidade e a integralidade, a exemplo do que ocorre no Brasil, por meio do SUS.

Participação da Fiocruz

Ao lado de autoridades globais da Saúde e do Meio Ambiente, a Fiocruz participa do debate na Conferência, reafirmando seu papel histórico no reconhecimento e na investigação da relação entre clima, ambiente e saúde.

Em um painel do evento, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, destacou o protagonismo científico e tecnológico da instituição, que, há mais de 50 anos, pesquisa a relação entre saúde, meio ambiente e clima.

Dentre as iniciativas da Fundação, também foram destacados o Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), que está construindo uma plataforma de dados climáticos para investigar os efeitos das mudanças climáticas para a saúde da população em contexto de vulnerabilidade, e o Observatório de Clima e Saúde, que congrega centenas de publicações de monitoramento de eventos extremos.

Cenário internacional: caminhos e pesquisas

Os possíveis caminhos para enfrentamento das mudanças climáticas e seus impactos na saúde também foram tema de discussão em encontro, que reuniu pesquisadores de diferentes nacionalidades.  A equipe do Observatório de Clima e Saúde foi convidada a participar das atividades desse encontro, nos dias 14 e 15 de julho, em Londres.

O Observatório foi representado pelos pesquisadores Raphael Saldanha e Izabel Reis, que participaram de uma programação voltada ao intercâmbio de experiências e à construção de metodologias comuns para enfrentamento dos desafios desse cenário.

Depois das atividades em Londres, os participantes seguiram para a cidade de Leeds, onde ocorreu, entre os dias 16 e 18 de julho, a terceira edição do Forum on Scenarios for Climate and Societal Futures (Fórum de Cenários para Futuros Climáticos e Sociais, em tradução livre), com foco na identificação de futuras necessidades de pesquisa.