A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) terminou na última sexta-feira (21) com um sentimento dúbio. Apesar da expectativa frustrada da comunidade global sobre a redução do uso de combustíveis fósseis, o campo da saúde teve um saldo bastante positivo, segundo o representante do Observatório de Clima e Saúde no evento, Christovam Barcellos.
"A saúde teve ganhos extraordinários. Foi a COP com maior participação popular, tomando em consideração que foi na Amazônia, com um grande protagonismo dos povos indígenas," apontou Christovam. Pela primeira vez o termo “justiça climática” passou a fazer parte dos documentos e debates, resultado da pressão popular durante a COP.
A ampla participação da sociedade civil e do setor de saúde foi considerado um dos pontos altos da conferência. Um dos destaques dessa participação foi o lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, já adotado por 80 países, e que deve servir de guia para os planos de cada nação.
“O plano fala explicitamente da necessidade de se aprimorar sistemas de vigilância e monitoramento, não só dos efeitos do clima na saúde, das mudanças climáticas, dos eventos extremos, mas também da própria política da adaptação. Políticas que estão sendo elaboradas agora em cada país e que precisam ser avaliadas o tempo todo”, explica o pesquisador.
Dentro da programação do evento, o Observatório organizou a mesa Towards an integrated regional health-climate monitoring system in Latin America. O evento teve a participação de representantes de Uruguai, Moçambique e países andinos, além da própria Organização Mundial de Saúde (OMS), que sediou o encontro. A atividade promoveu o debate das possibilidades e desafios de se criar sistemas de monitoramento sobre clima e saúde, além da apresentação dos sistemas que o Observatório tem desenvolvido ao longo de seus 16 anos de atuação.
Na ocasião, o representante do Observatório apresentou pela primeira vez um mapa detalhado de todos os municípios da América do Sul, com informações sobre a dengue, mostrando a dinâmica de circulação da doença, resultado de esforços de colaboradores em Argentina, Chile e Uruguai.
“Os biomas ultrapassam as fronteiras nacionais. Por isso, precisamos unir esforços e obter dados em cada país para a gente pensar na dinâmica dessa doença e como combater”, afirmou Christovam, indicando a necessidade de cooperação internacional para enfrentar este tipo de problema compartilhado.
O Observatório também participou de outros debates importantes, como o promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no dia 18/11. A mesa Synthesis Trajectories: Relationships between Health, Biome and Economy in Contemporary Amazonia, realizada no Planetary Science Pavilion, debateu soluções tecnológicas e participativas para o uso de imagens de satélite produzidas pelo Inpe para as análises de saúde na Amazônia, abrangendo não apenas o território brasileiro, mas todos os países que compõem a bacia amazônica.
Mesa do Observatório
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