Uma celebração que mais parecia um encontro familiar, assim foi a comemoração dos 60 anos da Biblioteca de Saúde Pública da Fiocruz, realizada no dia 1º/09, no Salão Internacional da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP)/Fiocruz.
Na mesa de abertura do evento, se revezaram Rodrigo Ferrari, representante da vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC)/Fiocruz, Paulo Buss, diretor geral do Centro de Relações Internacionais em Saúde, da Fiocruz, Umberto Trigueiros, diretor do Icict, Hermano Castro, diretor da ENSP, Vania Guerra, coordenadora da Biblioteca, e Jussara Long, ex-chefe da Biblioteca e homenageada durante a comemoração.
Todos foram unânimes em lembrar o seu vínculo afetivo com a Biblioteca de Saúde Pública, carinhosamente chamada de “Biblioteca da ENSP”. O primeiro a falar, Rodrigo Ferrari, comentou sobre quando estagiou na Biblioteca e ressaltou o pioneirismo da instituição: “A Biblioteca esteve sempre à frente de seu tempo. Ela é a pioneira na Política de Acesso aberto, ao colocar em prática naquela época (2002) a democratização da informação, com a informatização do acesso às teses e periódicos”, destacou. Ele também brincou com o fato de a Biblioteca fazer aniversário na realidade no dia 3/09, “o que mostra que ela sempre esteve à frente, inclusive em sua comemoração”.
Fotos: Amanda Simões (Multimeios/Icict)
Hermano Castro enfatizou os 60 anos da ENSP e da Biblioteca, afirmando ser “um ano emblemático” para as duas instituições. Ele destacou que “a Biblioteca era um modelo de formação dentro da ENSP” e lembrou de seu tempo de estudante, quando consultava o acervo – “Essa Biblioteca me ofereceu tanto... Um acervo de Saúde Pública que, acredito, não tenha outro igual no país”. Ele aproveitou a ocasião para entregar a doação de livros feita por João Pedro Stédille, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – “livros que falam sobre a questão da terra e da reforma agrária no Brasil”. Emocionado, Castro afirmou: “A Escola (ENSP) é da Biblioteca e a Biblioteca é da Escola”.
Lembrando sobre a importância da Política de Acesso Aberto para a Fiocruz, Umberto Trigueiros, do Icict, falou sobre o papel importante da Biblioteca de Saúde Pública “no início da construção desse caminho”. Ele destacou que “as bibliotecas têm sido protagonistas em como gerenciar o conhecimento, e a Biblioteca de Saúde Pública é uma das mais ativas no gerenciamento da informação”. Trigueiros defendeu também, assim como Castro, a necessidade de novas estruturas e ampliação do espaço da Biblioteca.
Paulo Buss lembrou da época em que “esperávamos por 30 dias para conseguir um artigo de bibliotecas no Brasil e noventa por algum que fosse de bibliotecas no exterior”, pois a Biblioteca não tinha acervo, nem verba e a dificuldade para se obter algum periódico ou livro era muito grande. Ele afirmou que a Biblioteca “ajudou a fazer a pós-graduação e o que a ENSP é hoje”.
Buss lembrou de a necessidade de “conexão com outros meios – como as produções da Editora Fiocruz, da VideoSaúde, do Canal Saúde, dentre outros veículos de informação e comunicação científica e tecnológica, que precisam também estar disponibilizados nas Bibliotecas”. O diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde declarou: “A Biblioteca de Saúde Pública tem o seu lugar na Saúde Pública do país, que ninguém vai tirar dela” e clamou a todos os trabalhadores da Biblioteca: “se orgulhem de fazer parte dela”.
Jussara Long lembrou do tempo em que assumiu a chefia da Biblioteca e das inúmeras dificuldades que enfrentou: “Não tínhamos recursos próprios. Vivíamos de material de consumo e de doações”, afirmou. Ela falou sobre a utilização da base de dados local da Bireme – a Lilacs, algo inovador para a época e que modificou a forma de relacionamento dos pesquisadores e estudantes com a Biblioteca. O banco de teses, instrumento no qual a Biblioteca de Saúde Pública foi a pioneira na implantação, também foi lembrado por Jussara: “Demos uma identidade à Biblioteca com a divulgação das teses. E junto também implantamos um boletim com pequenas entrevistas com os autores, para que eles pudessem falar diretamente ao público sobre os seus trabalhos”. “Todos nós tínhamos orgulho de trabalhar aqui – “o orgulho de ser Fiocruz” – e eu espero que isto continue por mais 60 anos, pelo menos”, finalizou, emocionada.
A atual coordenadora da Biblioteca, Vania Guerra, falou de sua trajetória na Biblioteca – “Cheguei aqui justamente na transição entre a biblioteca tradicional e a BVS – biblioteca virtual de saúde. Fomos pioneira na criação das BVSs”, afirmou. Vania também comentou sobre o treinamento oferecido a alunos nos cursos de mestrado e doutorado sobre a base de dados da Biblioteca. “Temos o know-how de ensinar o usuário a buscar no acervo, tanto da biblioteca física como no on-line as informações que ele deseja”, afirmou.
Vania Guerra também ressaltou “a ênfase que foi dada à formação de pessoal na gestão Jussara Long e nas que se seguiram, que se reflete no trabalho desenvolvido pela equipe”. A coordenadora aproveitou também para homenagear funcionários antigos e chefias da Biblioteca de Saúde Pública. Muito emocionada, Vania finalizou afirmando: “vemos que a Biblioteca ainda tem muito a crescer. Acredito que já tenhamos feito muito, durante esse tempo todo e espero que o próximo gestor dê continuidade a tudo isso. E que os próximos 60 anos estejamos aqui para comemorar.”
A comemoração não terminou aí. Todos foram convidados para assistir à apresentação do Coral Fiocruz, a inauguração da mostra de fotos e obras raras da Biblioteca, além de repartirem o bolo de aniversário.
O site do Icict aproveitou e conversou com Jussara Long que falou que “esss 60 anos foram bem vividos, bem produtivos e bem aproveitados”, enfatizando o que representava a comemoração dos 60 anos da Biblioteca. Sobre a sua aposta pessoal, que mudou o perfil da Biblioteca de Saúde Pública, em criar um banco de teses, ela explicou o porquê de sua ideia:
“Não tínhamos recursos e as teses são baratas – ou você tira cópias ou o autor as fornece para a biblioteca. E é muito difícil encontrar, pois o acesso, em geral, era restrito ao próprio autor. Era dificílimo localizar uma tese e, ao fazermos o acervo de teses, divulgamos esse trabalho que é muito importante, que é financiado, geralmente, por instituições governamentais (por meio de bolsas) e que traz um retorno para a população, para o próprio estudante ou para um aluno de outra instituição.”
Jussara Long enfatizou a motivação com que trabalhou e que vê na equipe que realiza o trabalho da Biblioteca de Saúde Pública: “Quero que a Biblioteca continue por muitos anos e que avance, que a Vania e o pessoal continuem tocando a Biblioteca com aquele espírito de “O orgulho de ser Fiocruz” e o orgulho de participar e trabalhar na Biblioteca da ENSP”, declarou.