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‘Falo pela minha diferença’: lançamento de exposição com curadoria de pesquisador do Icict

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Assessoria de Comunicação do Icict
Publicado em - Atualizado em
Design de Thays Coutinho/Ascom em arte de Adriel Visoto, intitulada Sombra de Dúvidas, na Exposição 'Falo pela minha diferença'
Arte de Adriel Visoto, parte da exposição 'Falo pela minha diferença'

A mostra coletiva ‘Falo pela minha diferença’ abre nesta sexta-feira (7/11), a partir das 17h, no Museu de Arte de Ribeirão Preto (Marp), no interior de São Paulo, com pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e esculturas.

A partir de diferentes mídias, os artistas levantam questões relacionadas a gênero e sexualidade, colocando em debate temas recorrentes de gerações anteriores, como a epidemia de HIV/Aids. As mudanças da homossociabilidade também são trazidas, em assuntos como os aplicativos de encontros e o surgimento da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e da Profilaxia Pós-Exposição (PEP). A curadoria da exposição é do pesquisador do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces) do Icict, Ícaro Ferraz Vidal Júnior.

A arte é um âmbito estratégico da cultura, em termos de promoção de saúde, Ícaro Vidal Jr.

  • PrEP é uma estratégia de prevenção do HIV, com o uso diário de medicamentos antirretrovirais antes de uma possível exposição ao vírus;
  • PEP é um tratamento com medicamentos para prevenir a infecção por HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis, após uma exposição de risco.

Rede de pesquisa

Contemplado pelo Proac Editais 2024, com a curadoria do pesquisador do Icict Ícaro Ferraz Vidal Júnior, o projeto tem a participação de diferentes artistas visuais.

‘Falo por minha diferença’ é a terceira exposição, resultante de uma rede dinâmica de pesquisa integrada pelo curador, por artistas e escritores, em torno de questões de homoafetividade e homossociabilidade na arte contemporânea.  

O título da mostra faz referência a um manifesto do escritor, performer e ativista chileno Pedro Lemebel (1952-2015), artista queer da América Latina.

Ao longo da exposição, serão realizadas oficinas e rodas de conversas com a equipe do projeto. Também está previsto o lançamento do catálogo da exposição, em janeiro de 2026.

Com a palavra, o curador

Como parte de uma série de atividades em torno das discussões de gênero e sexualidade, o projeto vem dando oportunidade ao grupo, para repensar e aprofundar diversas questões, voltadas para fora da comunidade LGBTQIAPN+, no combate à homofobia. E para dentro, com relação a outras formas de discriminação: racismo,  classismo, gordofobia etc.

Para o pesquisador do Icict e curador da exposição, Ícaro Vidal Jr, a mostra pode contribuir para mobilização em torno desses debates, além de divulgar iniciativas como a PrEP e a PEP: “Para isso, é necessário um trabalho de mediação. Nesta exposição, contaremos com uma série de oficinas e conversas com os artistas, além de um programa educativo regular, desenvolvido com o Marp”.

Mais do que o debate em si, o curador da exposição acredita que a arte possa incidir em algo além da formação de uma consciência, com o poder de transformar o modo de existir, em caminhos imprevisíveis: “Sem abrir mão da discursividade e da defesa contundente dos direitos humanos, acredito na possibilidade de a arte promover - pela curiosidade, pelo enigma, pelos afetos - uma abertura para as diferenças”, defende.

De acordo com o pesquisador, a arte é um âmbito estratégico da cultura, em termos de promoção de saúde: “Assim como no campo da comunicação, os sentidos socialmente construídos para os processos da saúde e doença estão em disputa no campo da arte. Quando olhamos para a história da arte recente, por exemplo, artistas homossexuais que produziram nas décadas de 1980 e 1990 - Rafael França, Félix González-Torres etc. - , observamos que essa produção teve um papel muito importante, individual e coletivamente, na elaboração da experiência com o HIV/Aids que, naquele momento, vinculou de forma trágica o desejo sexual e a morte”, explica.

Sendo assim, a arte ajuda a produzir sentidos e a mediar a relação dos sujeitos – artistas/criadores e o público -  com o sofrimento. Por outro lado, a arte afeta não somente pelo viés da cognição e do entendimento racional, mas também pela mobilização de emoções e afetos. “Atualmente, quando vemos uma geração de jovens artistas produzindo sobre seus afetos e desejos e introduzindo a PrEP e PEP nesse contexto, podemos dizer que, para além da conscientização sobre o uso de medidas profiláticas, essa produção incide mais profundamente, transmitindo um modo de existir e de amar", completa. 

Sobre o curador e os artistas
Curador Icaro Ferraz Vidal Junior 

Pesquisador do Laboratório de Comunicação e Saúde do Icict/Fiocruz. Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em História, História da Arte e Arqueologia pelas Université de Perpignan Via Domitia e Università degli studi di Bergamo, pesquisa as interfaces entre arte contemporânea, gênero, sexualidade e saúde pública. 

Adriel Visoto

Nasceu em Brazópolis (MG), em 1987. É pintor, bacharel em Artes Plásticas pela Escola Guignard da UEMG e mestre em Artes Visuais pela Unicamp. Na recente produção pictórica de Visoto, o artista vem criando pequenas narrativas privadas, confessionais e autobiográficas em torno de experiências triviais e rituais cotidianos, vivenciados sobretudo no espaço doméstico. As pinturas são sempre em pequenos formatos, escolha que acentua e reforça suas dimensões objetual, doméstica e afetiva. Participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, além de ter recebido prêmios e bolsas por sua produção artística. Seus trabalhos integram o acervo permanente do Museu de Arte do Rio (MAR).

Bru Novaes 

Trabalha entre artes visuais, literatura e educação. Sua prática acontece, sobretudo, por meio da palavra e do desenho, como instalação, publicação e processos de encontro, reimaginando formações, subjetividades, agenciamentos e alteridades entre gêneros e espécies. É bolsista Capes no Mestrado em Artes Visuais na USP e professor na Emia Santo André — escola de iniciação artística. Apresentou exposições individuais em programas públicos como os do Paço das Artes (2019) e do Centro Cultural São Paulo (2020). Participou de programas de residências como os do Instituto Sacatar, em Itaparica-BA (2023), o da fábrica de materiais de desenho Viarco, em Portugal (2022), e Casco Pós-Balsa, na represa Billings (2025). Publicou livros como Alugo para rapazes (2018), Diário 366 (2021) e Pique—esconde (2024).

Élcio Miazaki 

Nascido em São Paulo, o artista visual formado em Arquitetura vive e trabalha na capital, desenvolvendo projetos baseados em experimentações com tramas, formas, materiais e suportes. Sua produção aborda temas como infância, memória, patrimônio, cotidiano e ausência, explorados em diferentes combinações. Nos trabalhos mais recentes, investiga relações de simbiose e apropriação, ao revisitar exposições de outros autores ou criar objetos inspirados em comportamentos e características vegetais, ressaltando a importância do ‘outro’ na existência de suas criações. Integra o grupo de acompanhamento artístico Hermes Artes Visuais, orientado por Marcelo Amorim. Entre suas principais exposições estão: Impulsos Imitativos (Hermes Artes Visuais, 2017); Programa de Exposições (Marp, 2016); Temporadas de Exposições (MAB e Marco, 2016); 18ª Bienal de Cerveira (Portugal, 2015); Feira Tijuana (Casa do Povo, 2015); Cromófonos (Oficina Cultural Oswald de Andrade, 2014); e Projeto Rumos (Itaú Cultural, 2001).

Gabriel Pessoto

Nascido em 1993, em Jundiaí (SP), o artista visual estudou Produção Audiovisual (PUC RS) e iniciou Artes Visuais (UFRGS). Desde 2015, sua prática investiga o impacto da cultura visual e material do ambiente doméstico, do cotidiano, do artesanato e da experiência on-line na formação de idealizações e desejos. Trabalha principalmente com mídias têxteis e eletrônicas, tendo exibido obras em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Berlim, Porto, Lisboa, Nova Iorque, Miami, Louisville, Moscou, Łódź e Teerã. Foi premiado pela ArtConnect Magazine em 2020 pelo projeto trocando figurinhas (com Nicole Kouts) e participou das residências ‘Temos vagas!’ (Ateliê397) e ‘WebResidência’ (OLHÃO). Realizou individual Ambiente Moderno (Fundação Ecarta, 2021), lançou publicações homônimas e Pontos da Moda (2024) e integrou mostras como Histórias LGBTQIA+ (MASP, 2024) e a 18ª Trienal Internacional de Arte Têxtil (Łódź, 2025).

Leandro Muniz  

Nasceu em São Paulo (SP), em 1993, onde vive e trabalha. Atua como artista e curador. Mestrando em história, crítica e teoria da arte pela ECA-USP, é formado em artes visuais pela mesma instituição. Entre 2019 e 2021, foi repórter na revista seLecT. Em 2022, apresentou a individual ‘Domingo’, na Casa de Cultura do Parque, em São Paulo, e já expôs em espaços e projetos como o Museu de Arte do Rio, Galeria Aura, DAP Londrina, Espaço das Artes USP, Sesc, Fábrica Bhering, Casa Alagada, Ateliê397, entre outros. Foi curador das mostras ‘Sala de vídeo: Aline Motta’ (MASP, 2022), ‘Sala de vídeo: Melanie Smith’ (MASP, 2022), ‘Pulso’ (Bica plataforma, 2021), ‘Torrente’ (Galeria Karla Osório, 2020), ‘Esquadros’ (Partilha, 2020), ‘migalhas’ (Galeria O Quarto, 2019), ‘Lampejo’ (Galeria Virgilio, 2019), ‘Disfarce’ (Oficina Cultural Oswald de Andrade, 2017), entre outras. Seus textos podem ser encontrados em publicações e portais como Arte que acontece, Relieve Contemporáneo, Terremoto e Revista Rosa, além de catálogos e exposições. Ministra regularmente cursos e conferências em espaços como Masp, Pinacoteca, Plataforma Zait e Ebac.

Marcelo Amorim 

Nasceu em 1977, em Goiânia (GO). Vive e trabalha em São Paulo (SP). Coleciona e apropria-se de imagens para, a partir delas, produzir principalmente desenho, pintura e vídeo. Retiradas de acervos particulares, manuais, livros didáticos, mídias sociais, as imagens têm procedências diversas e parecem ser de um passado distante. Por meio de montagens e transposições, o artista liberta intenções, particularidades e gestos contidos nas imagens, com o intuito de revelar seu papel de conformadoras de comportamentos e levantar questões sobre os valores culturais históricos e sua evolução ao longo do tempo. Realizou exposições individuais em Ateliê397, Centro Cultural São Paulo, Paço das Artes, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Galeria Zipper, Galeria Jaqueline Martins, Galeria Oscar Cruz, Centro Cultural Elefante, além de ter participado de coletivas na Caixa Cultural, Instituto Figueiredo Ferraz, Memorial da América Latina, Paço das Artes e Sesc, entre outros. 

Matheus Chiaratti

Nasceu em Birigui (SP), em 1988. Combina instâncias narrativas da história da arte à literatura, de personagens históricos às autoficções, apresentando obras em diversas mídias: pintura, som, cerâmica e escrita. Entre suas exposições individuais, estão Pau lavrado, Quadra, São Paulo, Brasil (2022); Fortuna Balnearis, Edicola Radetzky, Milão, Itália (2022); Nights Vanitas, Artland, Milão, Itália (2022) e Umbigo do desejo, Quadra, Rio de Janeiro, Brasil (2019). Participou também das coletivas The River that Covers Me, Cecilia Brunson Projects, Londres, Reino Unido (2025); O beijo no asfalto, Flexa, Rio de Janeiro, Brasil (2024); Italian postcard, Galleria Il Bisonte, Florença Itália (2024); Vai na fé, Museu de Arte Sacra, São Paulo, Brasil (2022) e Male nudes: Um salão de 1800 a 2021, Mendes Wood DM, São Paulo, Brasil (2021). Chiaratti possui obras nas coleções públicas do Museu São Pedro, Itu, São Paulo, Brasil e Casa do Olhar Luiz Sacilotto, Santo André, São Paulo, Brasil. 

Tulio Costa 

Nasceu em Herculândia (SP), em 1991. Vive e trabalha em São Paulo.  Artista, Produtor editorial, Mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Unesp, com especialização em Fundamentos da Cultura e das Artes pela mesma instituição. É bacharel em Design de Moda pela Universidade Estadual de Londrina. Em sua pesquisa, investiga a escrita de si por meio de objetos encontrados nos territórios urbanos e no cotidiano digital. Realizou a exposição individual ‘De aspirante a estilista de sucesso a catadora de clipes’, na Galeria Alcindo Moreira Filho (2023), e tem participado de diversas exposições coletivas, destacando: As vidas da natureza Morta, Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, São Paulo (2024), Programa de exposições Marp (2025), Querela – Para além de qualquer princípio, Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2025), Caos primordial, Galeria Nonada, Rio de Janeiro (2023), além de participar do Programa  de Acompanhamento em Artes Visuais Popav, com Claudinei Roberto e Gustavo Torrezan, no Centro de Pesquisa e Formação Sesc. 

 

Serviço

Exposição ‘Falo pela minha diferença' 

Abertura: 7/11 (sexta-feira), às 19h30 
Conversa com os artistas: 8/11 (sábado), às 10h 
Visitação: 7/11 a 19/12/2025 e 06-16/01/2026
Terça a sexta-feira, 9h30 às 12h; e 13h às 17h30, 
Sábado, 9h às 15h 
Gratuita

Local: Museu de Arte de Ribeirão Preto - Marp
Rua Barão do Amazonas, 323 Centro 
Ribeirão Preto - São Paulo,  14010-120

*Em destaque no banner de chamada, em design de Thays Coutinho/Ascom, as artes dos seguintes artistas na exposição: Adriel Visoto; Bru Novaes; Gabriel Pessoto; Marcelo Amorim; Matheus Chiaratti; Tulio Costa.

Algumas artes da exposição 'Falo pela minha diferença'

Arte de Adriel Visoto

Arte de Adriel Visoto

Arte de Adriel Visoto
Arte de Bru Novaes

Arte de Bru Novaes

Arte de Bru Novaes
Arte de Gabriel Pessoto

Arte de Gabriel Pessoto

Arte de Gabriel Pessoto
Arte de Marcelo Amorim

Arte de Marcelo Amorim

Arte de Marcelo Amorim
Arte de Matheus Chiaratti

Arte de Matheus Chiaratti

Arte de Matheus Chiaratti
Arte de Tulio Costa

Arte de Tulio Costa

Arte de Tulio Costa