
A equipe do Observatório de Clima e Saúde (Icict/Fiocruz) esteve no Chile e no Uruguai, durante o mês de setembro, em uma série de atividades que marcam a expansão da cooperação internacional. O objetivo foi conhecer as realidades locais, a infraestrutura de dados disponível e as condições institucionais necessárias para o desenvolvimento de observatórios de clima e saúde nos países vizinhos, além de avançar na proposta de um painel de indicadores para toda a América do Sul. A iniciativa já conta com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Rede Pasteur.
“A disseminação de observatórios de clima e saúde nas diversas regiões da América Latina é fundamental para termos uma visão integrada da dinâmica de cada região, considerando sempre as especificidades de cada país", explica Christovam Barcellos, um dos coordenadores do Observatório.
É preciso pensar, para além dos países, em problemas que afetam biomas que são compartilhados, como a Amazônia, o Pampa e o Altiplano dos Andes”, Christovam Barcellos
Entre os dias 9 e 11/9, no Chile, foram realizadas reuniões e oficinas para dar continuidade à estruturação do Observatório Epidemiológico de Clima e Saúde chileno, atualmente em fase de finalização. A partir de novembro, o sistema de monitoramento desenvolvido pelo Icict passará a ser gerenciado pelo Ministério da Saúde do Chile e poderá ser aperfeiçoado, considerando as condições e prioridades do país. A ação faz parte do acordo de cooperação técnica firmado entre a Fiocruz e o Ministério da Saúde do Chile, em novembro de 2023.
Outra ação prevista é o apoio do Observatório em estudos sobre os riscos de transmissão de arboviroses no norte do Chile. A região, na fronteira com Bolívia e Peru, é considerada vulnerável às mudanças climáticas. Para isso, novas oficinas e visitas técnicas devem ocorrer em 2026.
No Uruguai, representantes do Observatório reuniram-se com o Ministério da Saúde e o Instituto Pasteur, no dia 15/9, para debater o estudo dos impactos das ondas de calor sobre a saúde. Uma das primeiras iniciativas no país será organizar dados de internações hospitalares a fim de avaliar a sobrecarga do sistema de saúde em períodos de temperaturas extremas.
Com essas parcerias, o Icict, por meio do Observatório, fornecerá dados de clima por município, inicialmente para o Chile e o Uruguai. As informações serão essenciais para compor o painel de indicadores regionais e apoiar análises e tomadas de decisão de gestores locais. Além disso, estão sendo disponibilizadas ferramentas digitais para visualização de dados em gráficos e mapas interativos (SIGWeb).
Outras visitas técnicas estão programadas para Argentina e Colômbia, quando a experiência brasileira será apresentada e novos acordos de cooperação deverão ser firmados.
O Observatório tem atuado na formação de profissionais dessas regiões. Já recebeu pesquisadores e profissionais de saúde de Chile, Uruguai e Argentina para períodos de estágio, atividade que deve se intensificar nos próximos meses com novos acordos de cooperação e projetos em comum. Também surgiram novas oportunidades de ensino e pesquisa a partir das últimas reuniões, como o programa de pós-graduação Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil), que está com inscrições abertas até 20/10, para profissionais de saúde em cursos de mestrado e doutorado.
Com essas ações, a Fiocruz se consolida como referência em clima e saúde no Cone Sul e projeta sua atuação para todo o continente sul-americano.
“Compartilhar dados, métodos e experiências permite que cada país avance mais rápido diante da crise climática. A Fiocruz ajuda nessa construção, apoiando, capacitando e disponibilizando tecnologias, mas o grande objetivo é criar uma rede de observatórios de clima e saúde, capaz de responder aos desafios da saúde diante do atual cenário climático”, analisa Barcellos.