Para encerrar a Jornada, o Icict e a Ensp convidaram o Prof. Roberto de Andrade Medronho (Nesc/UFRJ) para palestrar sobre o tema “A Iniciação Científica e o Compromisso com a Saúde Coletiva”. Medronho deu ênfase à epidemia de Dengue no Rio de Janeiro e no mundo, apontando as tendências da doença. Durante conversa com os futuros pesquisadores, o professor falou sobre a diferença do conceito de saúde coletiva (que é um conceito brasileiro) e saúde pública. A palestra aconteceu, no dia oito de maio, no auditório do Icict.
Medronho contou aos bolsistas um pouco da história do Sistema Único de Saúde, que avançou a partir da 8° Conferência Nacional de Saúde 1986 e da Constituição de 1988 ao garantir a saúde como direito de todos e um dever do Estado. Assim, o professor explicou que a doença é responsabilidade do corpo social, não do indivíduo.
Em relação à Dengue, Medronho criticou a posição do governo municipal no combate à doença. Na opinião do pesquisador, mandar crianças cobrirem as pernas e evitar o acumulo de água nos vasos de plantas são medidas que não solucionam o grande problema da Dengue, os macrofocos que produzem milhares de larvas. O professor também alertou que os números de pessoas infectadas pelo vírus são muito maiores, mas isso não é contabilizado porque muitas vezes o vírus assumiu uma forma assintomática.
Sobre a diminuição da epidemia, o professor explicou que a epidemia tomou uma proporção tão grande que as fontes para o mosquito estão se esgotando: “Quando as autoridades dizem que a epidemia está diminuindo, sim é verdade, mas não é devido a políticas de saúde pública eficientes. Quando todos estão doentes a tendência é que a epidemia tenha uma redução gradativa, até que se inicie um novo ciclo É a crônica da epidemia anunciada. A epidemia só se torna epidemia para as autoridades quando aparece na mídia”, conclui Medronho.