“Falar de clima e saúde é também falar de política pública e o Observatório tem desempenhado um papel essencial ao conduzir essa discussão com objetividade e responsabilidade”, destacou o diretor do Icict, Adriano da Silva, durante a abertura do evento 'Contribuições do Observatório de Clima e Saúde para a COP30'.
Durante a atividade realizada no dia 16/10, na Biblioteca de Manguinhos, foram apresentadas novas ferramentas desenvolvidas pelo Observatório de Clima e Saúde/Icict, que serão levadas à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Além disso, foram promovidos debates sobre a necessidade de ações concretas no enfrentamento aos impactos climáticos sobre a saúde.
“Temos uma emergência para tratar e precisamos agilizar as ações para garantir uma melhor qualidade de vida e saúde para todos”, afirmou Renata Gracie, uma das coordenadoras do Observatório. Para ela, a COP30, que acontece no próximo mês, em Belém (PA), é uma oportunidade de mostrar ao mundo que é possível avançar em diagnósticos e buscar soluções para reparar os danos existentes, apesar dos cenários complexos.
Durante as falas, foi destacado que a relação entre clima e saúde não é direta e exige análises mais amplas. “Temos que evitar essa visão catastrofista e apontar os fatores intermediários que impactam nesse enfrentamento: o SUS, as vacinas, a atenção primária, as condições de moradia... há milhões de coisas que podem ser feitas”, observou Christovam Barcellos, outro coordenador do Observatório. Reconhecido como uma das principais referências no tema, também está na lista dos pesquisadores mais influentes do mundo e representará o Observatório nos debates promovidos no Pavilhão da Saúde, a convite da Organização Mundial da Saúde (OMS), durante a COP30. Além da participação nas mesas, o Observatório apresentará suas ações e tecnologias, cuja experiência tem inspirado a criação de iniciativas semelhantes em outros países da América do Sul.
Diego Xavier, também coordenador do Observatório, lembrou que o grupo sempre se preocupou não apenas em produzir análises, mas em propor soluções. Para ele, a proximidade da COP tem mobilizado o debate, mas ainda faltam ações efetivas. Diego acredita que um dos temas que devem ser levados a Belém é a criação de padrões globais mínimos para registro de doenças sensíveis ao clima, a exemplo do que ocorreu com a Covid-19. “Essas doenças precisam ter critérios mínimos comuns para classificação de caso, notificação e registro de variáveis. Com isso, será possível realizar comparações e monitoramento regional mais assertivo, orientando respostas de forma mais coordenada”, defendeu.
Durante o evento, foram apresentadas três novas aplicações: o MonitorAR Saúde, que prevê o deslocamento da poluição atmosférica; o FluxSUS, que analisa o comportamento da rede de saúde em desastres; e o Índice de Quentura, resultado do projeto Harmonize, que relaciona calor e saúde em municípios da Amazônia e do Semiárido.
Beatriz Oliveira, parte da equipe do Observatório de Clima e Saúde, também apresentou o projeto Fioares, uma plataforma de monitoramento da qualidade do ar e vigilância em saúde na Amazônia, fruto da cooperação entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança de Clima e a Fiocruz. A iniciativa prevê a criação de cinco estações de referência permanentes na região, dedicadas ao monitoramento do material particulado — um dos principais riscos ambientais à saúde pública. Atualmente, a Amazônia conta apenas com estações indicativas, que não produzem dados de referência.





