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PPGICS: Defesa de doutorado aborda risco, biomedicalização e AIDS dia 30/07

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Assessoria de Comunicação do Icict/ Fiocruz
Publicado em - Atualizado em

O estudo realizado pela aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS)/Icict, Stéphanie Lyanie de Melo e Costa, buscou analisar o papel que a mídia, em especial dos jornais O Globo Folha de S. Paulo, tem exercido na construção "do discurso do risco e na influência à eventual adoção de medidas preventivas pelos sujeitos". Ela estudou a cobertura desses dois periódicos "acerca da circuncisão masculina, da PEP (profilaxia pós-exposição ao HIV), da PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) e do TasP (tratamento como prevenção) como métodos preventivos ao HIV, desde o surgimento de cada um deles nos jornais até 31/12/2017". 

A aluna foi orientada pela professora do PPGICS e pesquisadora do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces)/Icict, Janine Miranda Cardoso, e realizará a sua defesa na terça-feira, 30/07, a partir das 13h30, na sala 402, do Prédio da Expansão do Campus da Fiocruz, que fica na Av. Brasil, 4.036, em Manguinhos, no Rio de Janeiro (RJ).

Leia mais detalhes sobre o trabalho desenvolvido por Stéphanie Lyanie de Melo e Costa abaixo.

Defesa de Tese de Doutorado

Título: Risco, Biomedicalização e AIDS: cobertura jornalística sobre métodos biomédicos de prevenção ao HIV

Aluna: Stéphanie Lyanie de Melo e Costa

Orientadora: Drª Janine Miranda Cardoso (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)

Banca:

Titulares:

  • Drª Kátia Lerner PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
  • Dr. Igor Pinto Sacramento - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
  • Dr. Wedencley Alves de Santana – PPGCOM/UFJF
  • Drª Michele Nacif Antunes – PPGSC/UFES

Suplentes:

  • Drª Inesita Soares de Araujo– PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
  • Dr. Paulo César Castro de Sousa- PPGCI/UFRJ

Data: 30/07/2019 - 3ª feira

Horário: 13h30

Local: Sala 401, do Prédio da Expansão do Campus 

Resumo: Nas sociedades contemporâneas, marcadas pela valorização da saúde e pela medicalização, a mídia tem exercido papel central na construção do discurso do risco e na influência à eventual adoção de medidas preventivas pelos sujeitos. Esta tese analisa a cobertura d'O Globo e da Folha de S.Paulo acerca da circuncisão masculina, da PEP (profilaxia pós-exposição ao HIV), da PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) e do TasP (tratamento como prevenção) como métodos preventivos ao HIV, desde o surgimento de cada um deles nos jornais até 31/12/2017. 

Empreendemos dois movimentos de análise. No primeiro, mais quali- quantitativo, observamos: os jornalistas assinantes, as fontes mais ouvidas, os recursos gráficos mais utilizados, a quantidade de textos por método e sua distribuição no tempo, o tamanho médio dos espaços ocupados e a menção a outros métodos preventivos. Observamos somente para a PrEP: as editorias nas quais foi publicada, as chamadas de capa e a autoria dos textos opinativos.

Em um segundo movimento de análise, sob o aporte da Análise de Discurso (Pêcheux e Orlandi), investigamos como a lógica do risco manifesta-se na cobertura d'O Globo acerca da PrEP, visando: a) identificar e problematizar o papel desempenhado pelo conceito de risco nas explicações sobre a epidemia, na definição das populações mais vulneráveis e na atribuição de responsabilidades individuais e coletivas na narrativa jornalística; b) mapear e contextualizar as principais questões priorizadas na cobertura e, por consequência, as silenciadas. Identificamos nos jornais um silenciamento sobre os métodos preventivos, marcado pelo baixo quantitativo de textos. 

A cobertura é motivada mais pelo ritmo das descobertas científicas e das ações dos organismos internacionais e estatais ligados à aids, em detrimento das ações, críticas e anseios dos movimentos sociais, dos profissionais do serviço público de saúde e das pessoas comuns, e a despeito dos interesses da indústria farmacêutica. 

Ao ouvir mais os representantes do saber especializado, os jornais privilegiam os sentidos por eles atribuídos ao risco e à aids. Na cobertura d'O Globo sobre a PrEP, o discurso do risco dá-se não pela retórica do pânico e do medo, que marcou o tom da imprensa no início da epidemia, mas por outras estratégias discursivas que incutem a responsabilidade individual pela saúde – e que, portanto, culpabilizam o sujeito pela continuidade da epidemia, sobretudo aquele que se enquadra nas "populações-chave", por vezes também ainda designadas de "grupos de risco". 

Essa responsabilização individual dá-se em meio ao contexto neoliberal e de capitalismo de consumo, no qual convivem restrições ao orçamento público no enfrentamento à epidemia, ao lado do fomento a certo mercado, precipuamente de tecnologias biomédicas e farmacêuticas, que une o indivíduo responsável ao indivíduo consumidor – sobretudo de produtos que dialogam com seu prazer. Entretanto, também identificamos n'O Globo discursos contra-hegemônicos, ligados à ideia de vulnerabilidade, que apontam para responsabilidades também coletivas no enfrentamento à epidemia e que questionam a excessiva biomedicalização da aids, entendida pelo fomento a métodos biomédicos preventivos como "balas mágicas" para solucionar esse problema de saúde pública, sem investimento em políticas que combatam as determinações sociais dele.

 

Crédito das fotos

Fiocruz Imagens