Em entrevista para o site do Icict, o designer Marcelo de Vasconcellos fala sobre o trabalho desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa "Jogos e Saúde".
Por que um newsgame sobre Acesso Aberto?
Rodrigo Murtinho, vice-diretor de Informação e Comunicação do Icict, havia nos sugerido a criação de um jogo completo sobre acesso aberto e está ativamente participando da iniciativa. Durante o processo de pesquisa sobre o assunto, ficamos sabendo pela Ana Maranhão, chefe da Seção de Informação do CTIC/Icict e uma das coordenadoras do ARCA – Repositório Institucional da Fiocruz sobre a Conferência de Acesso Aberto – Confoa, em Salvador (Bahia). Como nosso jogo principal ainda leva um ano para ficar pronto, achamos que valeria a pena aproveitar o momento da Conferência e criar algum tipo de comunicação. A escolha de formato recaiu sobre o newsgame, que é justamente um jogo muito pequeno e rápido, cujo principal objetivo é acompanhar alguma notícia ou promover e divulgar algum assunto. Assim, pudemos já mostrar algo ao público sem precisar da conclusão do projeto maior.
Qual a importância desse projeto para o Icict?
Hoje, até onde sabemos, não existem instituições de saúde formalmente investindo na pesquisa e produção de jogos digitais para a saúde. Temos iniciativas isoladas aqui e ali, algumas muito interessantes, mas nada que represente um envolvimento institucional. No caso do Icict e da Fiocruz, este envolvimento já se iniciou no âmbito da pesquisa com a certificação do nosso grupo de pesquisa "Jogos e Saúde" junto ao CNPq, no ano passado (2014). O "Jogo do Acesso Aberto", apesar de ser um jogo simples, representa um primeiro passo do Icict enquanto centro de produção de jogos como forma de comunicação em saúde.
A que público ele se destina e quais as expectativas geradas por meio desse primeiro newsgame?
Ele se destina ao público em geral. A preocupação foi tornar palpável ao leigo o impacto do Acesso Aberto (e da falta dele). Assim nos inspiramos em um caso real, relacionado à epidemia do Ebola na Libéria, mas adotamos um estilo visual mais leve, a fim de gerar uma experiência divertida para o público. Nossa expectativa é que aqueles que não conhecem muito sobre o assunto possam jogar o jogo e ficarem curiosos sobre o que é Acesso Aberto e o que ele tem a ver com a Saúde.
Há outros sendo produzidos?
Temos um outro jogo sobre acesso aberto muito mais ambicioso, onde o jogador poderá encarnar um pesquisador e ver efeitos de suas ações na sociedade. Ele é bem mais complexo, por isso ainda estimamos pelo menos mais um ano de trabalho.
Também temos um jogo sobre intoxicação doméstica em andamento, feito em parceria com o Sinitox, além de um jogo sobre DST e Aids, fruto do PIPDT 2012, cujo desenvolvimento estava parado, mas agora está sendo retomado aos poucos. Por fim, Cynthia Dias, participante do nosso grupo de pesquisa e professora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)/Fiocruz, está aprimorando um jogo de tabuleiro que desenvolveu com os alunos para discutir políticas públicas de Saúde. Paralelo a tudo isso, temos realizado pesquisas sobre o tema e representado a Fiocruz junto à comunidade de pesquisa em Game Studies brasileira.