A RECIIS disponibilizou o acesso à segunda parte do dossiê Comunicação nas instituições de saúde e saúde na comunicação. Nessa parte dois, a comunicação pública da saúde durante a pandemia é abordada por meio de coberturas jornalísticas, redes sociais on-line e interações entre os profissionais de saúde e o público.
De acordo com as editoras do dossiê, a construção dessa coletânea teve como princípio a inclusão de diferentes olhares científicos sobre um mesmo objeto, sem a pretensão de propagar certezas que escondem o contraditório.
Segundo as editoras convidadas, Mariella da Silva de Oliveira-Costa e Sabine Righetti, os seguintes temas abordados foram definidos em nove artigos do dossiê: cobertura jornalística contemporânea de saúde em meios de comunicação; comunicação social da saúde nas redes sociais on-line, combate à desinformação em saúde, campanhas de publicidade e marketing em saúde; comunicação entre profissionais da saúde e usuários; e comunicações sociais de saúde por órgãos do governo.
A primeira parte do dossiê reuniu quatro trabalhos originais que trazem aspectos da comunicação no cotidiano de profissionais da saúde e análises da saúde nas mídias. Nessa segunda parte, a coletânea se constitui em cinco artigos, com desafios da divulgação científica no pós-pandemia; análise de coberturas jornalísticas e de conteúdos nas redes sociais on-line; e impactos da inserção de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e dos Agentes de Combate às Endemias (ACE).
Divulgação científica e redes sociais digitais
Dois artigos estudam as dinâmicas comunicacionais das plataformas TikTok e Instagram para a divulgação científica. Luciane Fassarella Agnez traz estudos que percebem uma tendência no uso do TikTok como mecanismo de busca em vez de buscadores mais tradicionais, como o Google, entre os jovens. Os vídeos curtos têm se tornado um atalho para os estudos da geração mais nova. A partir da análise de perfis de influenciadores e de instituições de pesquisa, a autora considera os potenciais da plataforma e os desafios de uma leitura crítica num ambiente de ampla circulação de desinformações e de conteúdos pseudocientíficos.
Nayara de Oliveira Souza e Diego Vaz Bevilaqua analisam a interatividade nos perfis de divulgadores científicos durante a pandemia de covid-19. A pesquisa constatou que tais influenciadores interagem pouco com o público em comentários das publicações. No entanto, diversos públicos interagem entre si nesse espaço e vão se apropriando e recriando o discurso científico. O estudo também destaca que tais divulgadores científicos consideram os assuntos abordados pelo público nessas interações para a produção de conteúdos posteriores.
Jornalismo: entre a razão e a emoção
Outros dois artigos do dossiê têm como foco o jornalismo em saúde, o que evidencia a importância das práticas jornalísticas em meios de comunicação tradicionais, na busca de informações checadas e verificadas por um público mais amplo. Moreira et al. analisam as interpretações das coberturas jornalísticas sobre insegurança alimentar e nutricional na pandemia. Consideram que as notícias possuem um caráter assistencialista e se utilizam apenas de números para representar pessoas acometidas pela fome.
Já Aline Scarponi e Elton Antunes tensionam o postulado tradicional de objetividade atribuído às práticas jornalísticas e observam cinco níveis (ondas) de emoções em narrativas noticiosas de uma TV pública regional durante a pandemia. As sensações nas notícias variam de medo a alívio para revolta, luto e desespero.
No último artigo que compõe a segunda parte do dossiê, Macêdo et al. analisam os impactos da inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação no trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias no Brasil durante a pandemia de covid-19. A partir do estudo, os autores propõem pensar sobre a importância da presença ‘corpo-a-corpo' desses trabalhadores com a comunidade na mediação voltada à educação popular em saúde.
A RECIIS é uma das iniciativas da Política de Acesso Aberto e não cobra taxa de processamento de artigos. Ela faz parte do Portal de Periódicos Fiocruz junto a outras oito revistas científicas que oferecem livre acesso aos seus conteúdos.