
Em 1900, foi criado o Instituto Soroterápico Federal, hoje Fundação Oswaldo Cruz, na fazenda de Manguinhos, no Rio de Janeiro. A principal finalidade do Instituto era produzir soros e vacinas contra a peste bubônica, que aportou à cidade de Santos em 1899. Em 1902, Oswaldo Cruz assumiu a direção do Instituto e, no ano seguinte, foi designado para a Diretoria Geral de Saúde Pública.
Oswaldo Cruz e o Instituto Soroterápico: nasce a Biblioteca de Manguinhos
Nessa mesma época, teve início a organização da Biblioteca de Manguinhos, com a chegada dos primeiros livros e revistas ao Instituto. Eram exemplares de uma variedade de produções impressas, sobretudo na Europa. De raridades dos séculos anteriores a revistas que traziam as mais recentes descobertas científicas. Para a leitura dos textos, os pesquisadores reuniam-se em sessões conjuntas, em um barracão localizado ao lado da construção do Pavilhão Mourisco, onde também ficava guardado o acervo recém-constituído.
É conhecida, na trajetória de Oswaldo Cruz, a atenção que destinava às atividades que eram realizadas na biblioteca. Ele próprio selecionava os artigos mais importantes e escolhia o nome daquele pesquisador que deveria ler e resumir o texto para futuras apresentações. Cruz sempre afirmou a importância da Biblioteca para os trabalhos do Instituto e garantiu, nos esboços do Pavilhão Mourisco, um espaço para o acervo e o salão de leitura, revestido com especiais cuidados arquitetônicos e decorativos. É célebre a seguinte frase que ele pronunciou em um momento de dificuldades financeiras do então Instituto Soroterápico Federal: "Corte-se até a verba para a alimentação. Mas não se sacrifique a Biblioteca".
Na organização e funcionamento da Biblioteca de Manguinhos, Oswaldo Cruz, contando com a colaboração do cientista Arthur Neiva, contratou, em 1909, o bibliófilo poliglota Assuerus Hippolytus Overmeer. Ele execeu as funções de primeiro bibliotecário-chefe da Biblioteca de Manguinhos, onde permaneceu até o ano de sua morte em 1944.
O aumento do número das publicações, continuamente incorporadas, sempre esteve associado ao sucesso das atividades de ciência e saúde pública realizadas pela instituição. No início, em 1907, após receber a medalha de ouro pelas campanhas de saneamento do Rio de Janeiro na Exposição Internacional do XIV Congresso de Higiene e Demografia de Berlim, o Instituto Oswaldo Cruz conquistou espaço no cenário científico internacional.
E o intercâmbio com pesquisadores de outros países teve reflexos positivos para a Biblioteca de Manguinhos: em 1909, já existiam aproximadamente três mil volumes; e o número de periódicos tinha crescido de 98 para 421 títulos.
O acervo foi se expandindo e chegou a ocupar todo o terceiro andar do Castelo Mourisco e as instalações do prédio do Instituto nacional do controle de qualidade em saúde (INCQS). Em 1986, com a criação do Centro de Informação Científica e Tecnológica, a Biblioteca de Manguinhos passou a compor sua atual estrutura, marcando uma nova etapa em sua trajetória.
Em agosto de 1995, foi inaugurado o novo prédio da Biblioteca de Manguinhos, com 5.600 metros quadrados de área útil. O novo prédio abrigou as obras com recorte temporal pós 1930. As obras raras e especiais permanecem no terceiro andar do Castelo Mourisco.
Em 2006, o Centro de Informação Científica e Tecnológica (CICT) transformou-se em Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) e a Biblioteca de Manguinhos passou a se chamar Biblioteca de Ciências Biomédicas, voltando depois a adotar seu nome original.
Atualmente, a Biblioteca de Manguinhos busca incorporar tecnologias e desenvolve atividades voltadas para a democratização do acesso à informação. Ao mesmo tempo, não deixa de se voltar ao passado, criando as condições necessárias de preservação e divulgação do acervo das obras raras da Fundação Oswaldo Cruz.
Missão
A Biblioteca de Manguinhos, que integra a Rede de Bibliotecas da Fiocruz, tem por missão desenvolver novos métodos, processos e produtos para ampliar e universalizar o acesso à informação científica na área biomédica. Suas ações são destinadas, especialmente, aos profissionais de saúde, alunos de pós-graduação, professores e pesquisadores da Fiocruz, das redes pública e privada de saúde, atendendo também a sociedade em geral.