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Marco democrático institucional que demonstra revolução no fazer científico

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Por
Marcelo Garcia
Publicado em - Atualizado em

O ainda recente processo de criação da política de acesso aberto da Fiocruz, aprovada em 2014, é um grande exemplo de construção democrática dos rumos da fundação. Ela foi elaborada após muita deliberação em instâncias técnicas e de um processo amplo de consulta pública – e não poderia ser diferente. Afinal, nasce da convicção de que a informação é um bem público e um determinante social da saúde, e está alinhada a um movimento internacional de questionamento das políticas editoriais fechadas das grandes editoras científicas e de defesa do acesso livre ao conhecimento. Antes mesmo de completar dois anos, a adesão gradativa das unidades ao Repositório Institucional da Fiocruz - Arca - mostra sinais de consolidação da nova política – e aponta para novos desafios.

A política estabeleceu como documentos com depósito mandatório no Arca apenas artigos, teses e dissertações. A expectativa, porém, é de que gradualmente outros produtos, como dados de pesquisa e recursos educacionais, também sejam disponibilizados livremente no repositório. “Trata-se de uma orientação estratégica, cuja consolidação requer constante atualização dos fluxos e práticas institucionais, uma vez que o acesso aberto ao conhecimento é um princípio que perpassa várias dimensões da instituição e implica uma mudança de cultura organizacional e individual”, avalia a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade.

O pioneirismo da política de acesso aberto da Fiocruz tornou a instituição uma referência sobre o tema na área da saúde. “Temos sidos procurados para compartilhar nossa experiência e estimulado a proposta do acesso aberto fora de nossos muros, contaminado positivamente o cenário”, avalia Rodrigo Murtinho, vice-diretor de Informação e Comunicação do Icict. “Numa realidade de grande dificuldade para aprovação de uma lei nacional de acesso aberto, a Fiocruz pode apontar caminhos alternativos, como a formação de uma rede nacional de repositórios de saúde, por exemplo”, pontua. Mais uma vez, a Fiocruz se posiciona na vanguarda de uma luta democrática que deve se intensificar e se tornar central nos próximos anos.