A pesquisa sobre gênero produzida pelo Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict) foi apresentada durante o Seminário sobre indicadores para o seguimento do Plano de Ação Internacional de Madri sobre o envelhecimento. Com o plano, os especialistas em envelhecimento pretendem estabelecer diretrizes comuns aos países para as políticas de atenção ao idoso. O encontro do Rio de Janeiro reuniu representantes da América Latina, Caribe, EUA e Espanha que se preparam para a reunião oficial que ocorrerá em 2007.
O seminário reuniu cerca de 120 especialistas, gestores, representantes de organismos internacionais, idosos e conselheiros, entre 24 e 26 de julho de 2006. Na ocasião, fez-se um levantamento sobre os indicadores dos países envolvidos e suas estratégias regionais para a implementação do Plano de Ação Internacional de Madri. Os participantes apontaram o envelhecimento como um dos principais desafios para a população mundial, que deve adotar um sistema de seguridade econômica e social adequado ao novo perfil sócio-demográfico da população.
A discussão levou em consideração as diferenças entre os países europeus e latino-americanos. O representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Enrique Vega, palestrou sobre a saúde e o bem estar do idoso, alertando para a velocidade do envelhecimento na América Latina:
- Não há país latino-americano que não esteja envelhecendo. O problema é que, enquanto a França demorou 200 anos para envelhecer, países como Cuba, Brasil e Argentina estão fazendo isso em 30, 40 anos. – comente Vega.
O cubano apresenta três explicações para esse fenômeno: o primeiro, relacionado à queda da taxa de fecundidade, sobretudo por conta da re-configuração do papel da mulher na sociedade. Depois, a queda da mortalidade, devido aos avanços nos tratamentos de saúde; e, por último, às imigrações, que envelhecem as populações devido à evasão de jovens latino-americanos para países desenvolvidos.
Vega ainda chamou a atenção para uma associação simplificada entre a longevidade e o desenvolvimento dos países. Para ele, o envelhecimento não é característica dos países mais ricos e que todos estão passando por esse processo. “A Etiópia é um dos países mais pobres do mundo e tem mais de dois milhões de pessoas acima de 60 anos. Por isso, devemos encarar as políticas públicas de envelhecimento como uma prioridade”, argumenta o geriatra.
A assessora de envelhecimento da Opas em Washington, Marta Peláez, também palestrou no Rio. Marta atribuiu o envelhecimento na América Latina às taxas de mortalidade infantil, que dificultam o rejuvenescimento da população. Marta destaca a importância das ações governamentais e garante que é fundamental pensar em políticas específicas para esse segmento. “Hoje, os idosos são vítimas de violência doméstica, de abuso patrimonial, de abandono... Esse seminário vai indicar como podemos reduzir esses problemas”.
Quando perguntada sobre o que seria uma boa política de saúde para o idoso, Marta é enfática: “Uma boa política de saúde para as crianças já é uma boa política de envelhecimento!”.