
Com foco em crianças de 8 a 10 anos, 'Curumim Wiz e a mãe natureza’ está disponível on-line, para qualquer internauta
Wiz é um curumim — ou seja, um menino —, que mora numa aldeia indígena do estado de Roraima. Ele está prestes a viver uma aventura e tanto: vai representar seu povo, o Wapichana, num grande encontro de crianças de todo o Brasil. Para isso, anda de avião e fica longe de seus pais pela primeira vez. Mas o esforço vale a pena. Durante o encontro, Wiz vai ter a oportunidade de conversar com meninos e meninas de diversas regiões do país. Juntos, vão descobrir como o jeito de buscar saúde pode ser diferente para cada cultura. Mas que, em todas elas, a relação com a terra e a natureza é fundamental para o bem-estar comum.
Assim é o enredo de Curumim Wiz e a mãe natureza - uma aventura pela saúde indígena. Voltado a crianças de 8 a 10 anos, o livro está disponível gratuitamente, em formato digital, na plataforma Portinho Livre, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Foi escrito por Cristino Wapichana, um dos mais premiados autores brasileiros em atuação hoje, vencedor do Prêmio Jabuti - 2017 e 2024 - e do Prêmio FNLIJ 2017. E ilustrado por Kássia Borges, artista visual que, em seus trabalhos, busca reverenciar e divulgar raízes indígenas. Ela é indígena Karajá, do povo Iny, do cerrado do Brasil.
Não à toa, a obra está sendo lançada em agosto como uma referência ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9/8. Os dois artistas receberam da Fiocruz o convite para criar uma narrativa infantojuvenil que explorasse como a ideia de "saúde" pode ser diversa. E que, ao mesmo tempo, valorizasse a diversidade de povos indígenas do Brasil — cada um deles com seus próprios hábitos, culturas e formas de promover a saúde coletiva.
Me inspirei na minha própria infância para escrever essa história.
“Me inspirei na minha própria infância para escrever essa história. Nas memórias de um tempo de muitas trocas, de liberdade, da minha avó preparando ervas para fazer remédios", diz Cristino. "Gostaria que os pais, professores e cuidadores que façam a leitura com as crianças pudessem lembrar da importância de transmitir ensinamentos importantes para a vida, mas que andam esquecidos. Um tipo de conhecimento essencial para a existência: saber preparar alimentos, reconhecer as plantas, identificar quais podem ser usadas como remédio, quais delas representam perigo.”
A viagem de curumim Wiz é justamente para o campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro. No encontro, ele e seus novos amigos vão trocar experiências sobre plantas medicinais. Wiz, por exemplo, está levando na bagagem duas frutas: murici (um primo da acerola) e manguru (o mesmo que manga). Seu povo usa as folhas de manguru para se proteger de várias doenças. E as cascas de murici, para lavar machucados e pintar panelas de barro, pratos e canecas.
No encontro, ele conhece uma menina indígena Pataxó, da Bahia, que ensina sobre o jenipapo — ou kibiu, na língua dela —, uma fruta que seu povo usa de várias formas. Raimundo, aluno de uma escola do sertão do Piauí, que mostra uma planta chamada cacto de palma, que alimenta o gado em épocas de pouca chuva. E várias outras crianças, que apresentam as plantas, frutas e receitas de sua terra. Personagens que instigam os pequenos leitores a refletirem sobre a importância do respeito às diferenças e do cuidado com a natureza. “Os indígenas cuidam da natureza como uma mãe cuida de seus filhos. Nunca a machucaríamos, pois ela é tudo para a nossa existência. Todos nós somos responsáveis por cuidar do planeta”, conclama Wiz.
Curumim Wiz e a mãe natureza é uma publicação do selo Portinho Livre, cuja missão é aliar a arte literária à divulgação científica, reunindo trabalhos que incentivem a criatividade e o pensamento crítico de crianças e adolescentes. O selo publica obras que atiçam a imaginação, a curiosidade e o interesse pelo mundo. Que usam o poder da literatura para instigar o interesse pela ciência, pela saúde pública e pela cidadania. E que podem ser lidas por qualquer internauta, de graça.
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