A tradicional Semana da Educação Fiocruz homenageou a pesquisadora Inesita Araújo, do Icict, com a Medalha Virgínia Schall de Mérito Educacional, além de reconhecer o trabalho de 12 estudantes de doutorado, entre premiações e menções honrosas, na nona edição do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2025. Com essas iniciativas, a Fundação reforça seu compromisso com a qualidade e a excelência acadêmica. A atividade fez parte das celebrações dos 125 anos da Fiocruz.
Não é possível pesquisar, ensinar, trabalhar, em um país tão desigual, sem levar em conta a imensa diferenciação de acesso a todos os tipos de bens do país e ao direito de cidadania, inclusive o direito ao conhecimento, Inesita Araújo.
Abertura do evento
A mesa de abertura do evento contou com a presença do presidente da Fiocruz, Mario Moreira, que saudou a todos, ressaltando a celebração ao Dia das Professoras e Professores. Ele comentou que a Fundação vem ampliando esforços para se aproximar cada vez mais de seus estudantes, ampliando o debate de políticas e atividades de ensino. Segundo Moreira, a educação é um dos temas que mais o encanta e estimula a seguir nessa atividade.
"A educação na Fiocruz é, de longe, a atividade mais transversal da instituição", disse ele, lembrando que os 16 institutos têm programas ou atividades de ensino. Presente em todas as regiões do país, seja em associação com as universidades e centros de pesquisas ou em articulação com autoridades sanitárias, o presidente destacou também o crescente papel internacional de formação da Fiocruz: "Nesta nova arquitetura mundial da saúde, da cooperação em saúde, da nova geopolítica, emergimos e nos destacamos. Somos demandados e podemos atuar de maneira multilateral. Estamos envolvidos na organização de uma escola nacional de Saúde Pública em Moçambique, que já é pensada na perspectiva de se transformar em uma Escola da Língua Portuguesa. Estamos projetando toda a capacidade da Fiocruz na perspectiva da solidariedade e construção de um mundo melhor".
Bastante emocionada, a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Marly Cruz, refletiu sobre o compromisso que a instituição tem com a educação e a importância dessa construção com a participação dos estudantes. Destacou os cursos e programas da Fundação e os atores que trabalham para uma Fiocruz mais inclusiva: "Não existe instituição no Brasil ou fora que agregue um conjunto de programas que faz a diferença para o sistema de saúde. Quero dizer o quanto a gente vem trabalhando de forma séria e comprometida com a educação com tantas frentes que ajudam a nos colocar no lugar de referência, tanto no cenário nacional como internacional. Hoje, somos referência por organizar redes de formação. É fundamental que possamos compreender que, por meio da educação, construímos projetos estruturantes no sentido do fortalecimento das ações de saúde". Marly falou ainda sobre a importância da Semana da Educação como um espaço de debate e reflexão que "nos auxilia a projetar o futuro" e concluiu citando uma frase de Paulo Freire em homenagem à premiada com a Medalha Virgínia Schall, Inesita Araújo: "O educador se eterniza em cada ser que ele educa".
Medalha de Mérito Educacional
Inesita Soares de Araújo foi a contemplada da edição 2025 da Medalha Virgínia Schall de Mérito Educacional. Sua indicação foi por meio do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde do Icict (PPGICS). Com essa premiação, Inesita tem reconhecida a sua carreira científica e capacidade de somar esforços para a promoção do ensino de pós-graduação e de pesquisas voltadas para o desenvolvimento da Informação e Comunicação em Saúde no âmbito nacional e internacional. Em sua oitava edição, a honraria reconhece os esforços educacionais de seus contemplados, distinguindo trajetórias acadêmicas de elevado mérito na educação no campo da saúde. Kátia Lerner, também pesquisadora do Icict/Fiocruz, foi a responsável por conduzir a homenagem.
“Eu nunca ousaria imaginar receber uma homenagem que expressa o reconhecimento de uma instituição que tem tantas pessoas que se destacam na área da educação, é uma honra imensa ter sido contemplada com essa medalha”. Com muita emoção, Inesita agradeceu e falou sobre o antes e o depois da sua chegada à Fiocruz. Ela fez menção à sua vida nas regiões Norte e Nordeste do país, vida esta que lhe aproximou das pessoas negligenciadas pelas políticas públicas e que reverbera até os dias atuais. Ao redigir seu memorial, ela percebeu que sua vida profissional teve como um dos eixos centrais o trabalho de educação em diferentes contextos: "Não é possível pesquisar, ensinar, trabalhar, em um país tão desigual, sem levar em conta a imensa diferenciação de acesso a todos os tipos de bens do país e ao direito de cidadania, inclusive o direito ao conhecimento”. Segundo ela, o foco na desigualdade a levou a definir um caminho de escolha dos temas de pesquisa e ensino.
A pesquisadora falou sobre os atuais desafios para quem trabalha com formação, educação e as novas tecnologias no ensino: “Para que mundo estamos preparando os alunos? Para qual sociedade? Para qual saúde? Que profissional esse mundo vai necessitar, quando eles se formarem? Como ensinar em tempos de inteligência artificial?”.
Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2025
Entre premiados e menções honrosas, 12 estudantes de doutorado tiveram seus trabalhos reconhecidos na nona edição do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2025. Nesta edição, foram premiados quatro trabalhos e oito menções honrosas nas áreas de: Ciências Biológicas Aplicadas e Biomedicina; Medicina; Saúde Coletiva; e Ciências Humanas e Sociais.
Confira a lista dos premiados e menções honrosas.
A celebração terminou com uma apresentação do Coral Fiocruz. As músicas apresentadas foram Onde a Dor Não Tem Razão, de Paulinho da Viola e Cauby Peixoto; Timoneiro, de Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho ; e Dom, música especial de um trabalho na Ensp sobre a mineração na Amazônia. O Coral é regido pelo maestro Paulo Malaguti Pauleira, com direção de Maria Clara Barbosa.





